UM DIÁLOGO COM DOROSNIL (Guajará-Mirim)

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Dorosnil é de Guajará-Mirim. O homem é graduado, mestre e doutor. É professor da UNIR. Mora em Guajará há trinta anos. É preocupado com a cidade e quer que ela avance e prospere. E me manda e-mail todo dia. E não tem hora. E fala difícil como é normal para os doutores letrados. Consigo traduzir a sua linguagem. Vou colocar abaixo, alguns trechos de nossas conversas. Algumas adaptadas ou ampliadas. Maioria das minhas respostas, é um simples “obrigado” ou “parabéns”:dorosnil.cam

D – O Governo aposta no ajuste do modelo de gestão, mas, o que acontece por aqui é a eterna disputa pelos espaços políticos não como projeto. Um escambo que quinquilharias. 

C- Amigo, Guajará deve se resolver, de baixo para cima. Através de uma sistemática de doutrina. Formar pequenos grupos, com capacidade empreendedora, urbana e rural e avançar.

D – Suicídio, esse fenômeno acontece em Guajará todo ano, nos meses de julho, agosto e setembro. Já se foram cinco este ano. Há poucos minutos um jovem de 22 anos se enforcou.

C – Nada respondi sobre o suicídio. 

D- A falta de visão estratégica é visível na gestão pública. Estou aqui há 30 anos. A cidade precisa de cientistas sociais, antropólogos, economistas, para planejar as ações, orçamento, gestão de unidades governamentais.  São eles que estudam as respostas para questões da cultura, produção, poder e sociedade. Nunca fui convidado por nenhum prefeito para nenhum cargo ou sugestão.

C – É melhor assim. Vamos por outro lado: a doutrina massiva. Juntando diversos apoios, da Emater, empresas, escritórios de projetos locais, professores, universidade e fazer as escolhas para a cidade. Os projetos produtivos, os modelos, tipo Projeto RECA e tantos outros que deram certos em Rondônia. A primeira coisa a fazer é puxar o orgulho da cidade pra cima. Ela ficar bonita. Pequenas ações que venham a surpreender  seus moradores. 

D- A singularidade que ancora a maior e a melhor possibilidade da cidade, está na confiança, vinculada a boa formação, a informação complexa, mais ensino e mais capacitação.

C- Vejo que Guajará tem terras próprias para frutas exóticas e tropicais, castanhais nativos. Plantio de florestas de castanhais. Agroindústrias diversificadas, pequeno comércio ativo, em rede. Pra isto precisa do projeto de vida da cidade. Que saia na frente. O turismo de fronteira, de rio, de história, de floresta, de diversidade. O povo de Guajará é festeiro, gosta do “boi-bumbá”, que bonito e é a marca da cidade. Quem sabe não está aí a sina da cidade: a festa. Os eventos, os shows.  Siga o modelo de Crissiumal no Rio Grande do Sul, de Nova Serrana em Minas, Pimenta Bueno com o polo de confecção. E assim vai.

D – Concordo. Temos que ressignificar a Teoria da Organização

C -Inicie pelas escolas. Fazendo a contabilidade do que as crianças comem na merenda e no almoço. De onde vem estes produtos? E o que pode ser produzido no município. Forme a rede de prosperidade local. A imensa vontade de superação. 

D- Temos que vencer definitivamente o nosso isolamento

C- O SEBRAE é importante. A Universidade é importante. Cursos e treinamentos mensais para grupos interessados por dois anos seguidos. Até mesmo uma bolsa de 100 a 200 reais por mês para que todos compareçam às aulas. Para que possam romper o bloqueio da indiferença e dos hábitos costumeiros.  Que tal uma incubadora na UNIR para cinco projetos especiais. E cuidar deles por três anos seguidos. Até assegurar a maturidade do negócio. O Governo pode ser parceiro. 

D- Minha esperança é a saída pela estrada Parque. Misturar o povo daqui com o da BR. Misturar as culturas. Um choque. 

C- Você pode liderar os “dias de campo”. Ônibus de cheio de agricultores e pequenos comerciantes para viagens escolhidas. E passar um dia ou dois nelas. Para ver com os próprios olhos. E assim, gradualmente, brotam as iniciativas. Conte com o Governo em parceria. 

D- Concordo com a questão do orgulho próprio, aumento da autoestima, o desafio agora é fazer o povo querer aprender. Daí a presença do outro, de fora, este outro vem de outro lugar.

C- Não. Tem que sair daí mesmo. O Acre tem modelos interessantes de parcerias público privadas e comunitárias de sucesso. Os consórcios de peixe, pirarucu com cacau, com açaí, com pastagem para o gado de leite com resultados incríveis. E ótima rentabilidade. 

D – Certamente. Boas idéias.

C- A solução para a nossa economia brasileira e combate a desigualdade de renda deve surgir como teia de aranha com pequenos negócios, de qualidade, com pouco investimento, que envolva a família e mais l ou 2 empregados. E que se ramifique. Esta é solução Brasil. A solução Guajará. E envolva o crédito solidário. Onde todo mundo possa ter dinheiro para começar. Estou a sua disposição para rodada de conversa.

D- E a Zona Franca?

C- Guajará já é uma cidade franca, gêmea com a cidade boliviana.  É uma cidade “free-shop”. Suas lojas criadas na forma da lei estadual não pagarão impostos federais e apenas 15% do ICMS.  Recomendo que atacadista em Guajará crie uma pequena loja de produtos importados, perfumes, vinhos, bebidas diversas, relógios, tecidos, roupas, produtos de beleza, bijuterias, produtos de informática. Não precisam ser grandes. E recomendo a marca da cidade nelas. A mesma cor, a mesma arte. O SEBRAE está aí para ensinar. E chamar também os pequenos comerciantes da cidade, aqueles que sabem vender e comprar. Abrir o crédito pra ele. Tem muito casarão fechado.  Podem ser ajustados para Centros Comerciais de negócios no varejo. Cada visitante pode comprar até 300 dólares. Um ótimo valor. Já compensa. Mais um caminho para a cidade. 

Conclusão: amigo Dorosnil – posso passar dois dias aí. Fazendo pequenas reuniões, com 10 a 15 pessoas de todos os setores, para podermos divulgar este pensamento. Promover, na hora certa, o shopping do crédito, com todos os bancos juntos, cartórios, junta comercial. Antes, precisamos mobilizar a cidade para a grande virada. Quando precisar me avise. Cordiais saudações do amigo

Confúcio Moura

Boa noite.

 

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