Saudades (poesia)

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Saudades (poesia)

Saudades
Ana Rosa Ernesto

Saudade de amor é quieta.

Sem murmúrios.
Feita de vésperas.
Naftalina em vestidos,
anáguas;
conversa que se faz por dentro –
porque nem tudo, ou nada, é para o mundo:
saudade é algo oculto.

Saudade de amor é assim:
feita de paciência. Um bocado
de tempo se passa, já logo
se acaba essa pressa:
Porque dá tempo colocar
a goma no lençol
A saia na costureira
Cuidar fio por fio dos cabelos

debaixo da cachoeira…
desembaraçando cachos
que se grudaram uns aos outros,
feito cipós na floresta.

Saudade de amor
é honesta.
Sabemos que Ele virá; mas nada afasta
essa espécie de angústia
misturada com festa:
o abraço se insinua
por toda a nossa lembrança:
o cheiro, o gosto, a dança

que é natural entre corpos
que se alcançam
depois de uma grande ausência.

(Poetisa rondoniense)

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