Confúcio Moura alerta para o aumento da automedicação entre os brasileiros

Confúcio Moura alerta para o aumento da automedicação entre os brasileiros

O senador tratou do problema para pedir aos prefeitos atuais e os que serão eleitos que cuidem da atenção básica em saúde, que priorizem o cuidado preventivo, aquele que está ao seu alcance

Na continuidade do seu discurso na Tribuna do Senado no dia 11, o senador Confúcio Moura (MDB-RO), que é médico, abordou um tema que volta a preocupar a sociedade brasileira: a automedicação, com ênfase entre os jovens. “Hoje, por qualquer coisa, a pessoa vai à farmácia. E vai comprar o que pode comprar sem receita. E alguns até perguntam assim: ‘o que está aí? Qual é a novidade que tem hoje? ’. Parece que o povo brasileiro está hipocondríaco”, diz o parlamentar.

Dentre as maiores preocupações do senador relacionadas ao tema, está o crescente consumo de remédios para o sono e para o equilíbrio mental. “O remédio antidepressivo virou uma moda. Parece que todo mundo está com depressão no Brasil. Todo mundo está usando antidepressivo, todo mundo está triste, todo mundo está sem dormir, e lá vai o remédio para dormir. Vai diazepam, vai lá o Rivotril, lá vai o zolpidem. Mas não estão observando que esses remédios são viciantes. O zolpidem provoca dependência química mesmo; a pessoa vira zumbi dentro de casa. É um horror”, alerta o senador.

Para Confúcio Moura, os remédios devem ser resultados de uma consulta médica, mesmo nas unidades básicas de saúde. A medicação por ouvir dizer, por recomendação de amigos e familiares é um empurrão para a dependência e para a transformação de sintomas em doenças de fatos. “A gente precisa dos cuidados básicos de saúde, mas não precisa de tanto remédio. É remédio em cima de remédio. Aí vira um ciclo vicioso de gastança de remédio, e quem tem dinheiro, gasta o dinheiro todo com remédio”, afirma.

Sob o ponto de vista econômico, Confúcio Moura lamenta que o excessivo consumo de remédios tenha chegado aos idosos e, mais ainda, os idosos aposentados mais pobres. “Os velhos aposentados – meu Deus do céu! –, o dinheiro não dá para comprar tantos medicamentos. Remédio para isso, remédio para aquilo, remédio para dor nas costas, remédio para dor no joelho, remédio para reumatismo, remédio para dormir, remédio para isso, para aquilo, para diabetes, remédio para pressão alta. Meu Jesus Cristo! É realmente uma parafernália medicamentosa esparramada neste país”, indigna-se o parlamentar.

O resultado disso, na avaliação do senador, é o fortalecimento da indústria farmacêutica, que a que mais lucra. “Os laboratórios estão lucrando e lançando remédios cada vez mais caros. E eu falo isso, gente, porque sou médico. No meu tempo de medicina, que eu exerci, a gente receitava pouco. Eu dificilmente passava mais do que dois medicamentos nas minhas prescrições. Era bem econômico com remédios.  Porque eu lembro, lá no sertão onde eu nasci, lá não tinha nenhum médico. Lá era no chá. Acho que o Brasil deve ser um dos países do mundo que dá mais lucro para laboratório”, diz Confúcio Moura.

Mas o dano causado pelo “remedismo” não para por aí. Para o senador, até as políticas públicas de saúde sofrem pressões em função disso. “Eu valorizo muito a atenção básica de saúde. O ano que vem é ano eleitoral. Os Prefeitos ficam loucos: ‘aqui na minha cidadezinha não tem ultrassom. Vou comprar ultrassom! ’. Na cidadezinha pequenininha de 5 mil habitantes, o candidato fala: ‘Ah, eu vou comprar um tomógrafo’. Bom, o danado não sabe que o tomógrafo, uma ressonância, uma mamografia precisa de um especialista, que é caro e não tem. Não tem especialista para tocar isso nesses municípios pequenininhos, nem dinheiro o Prefeito vai ter para pagar. Então, meu Prefeito querido, meu futuro Prefeito, cuide do básico, cuide das crianças, faça o pré-natal bem feito, cuide dos idosos, cuide dos diabéticos para ele não aumentar a glicemia e morrer ou ter amputada a perna ou ficar com insuficiência renal crônica; cuide bem dos hipertensos. Dê o remedinho da hipertensão para ele evitar o derrame, porque, se ele for para o derrame, vai para a UTI”, concluiu.

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