Senador pede urgência em melhorias na educação indígena e destaca abandono de comunidades em Rondônia

Em discurso contundente no Plenário do Senado, nesta quarta-feira (10), o senador Confúcio Moura (MDB-RO) pediu mais efetividade nas políticas públicas voltadas aos povos indígenas. A fala ocorreu após sua visita ao Acampamento Terra Livre, em Brasília, que este ano reúne cerca de 8 mil indígenas de todo o Brasil.

“Passei a manhã com os indígenas de Rondônia. Ouvi suas vozes, vi suas danças e senti, acima de tudo, o abandono — especialmente na área da educação”, afirmou o senador.

Confúcio destacou a grave situação enfrentada pelos povos originários no município de Guajará-Mirim, onde 95% das terras são áreas protegidas e vive cerca de 70% da população indígena de Rondônia.

“Não há mais escolas em condições de uso. As estruturas, antigas e deterioradas, foram construídas há décadas pela Igreja Católica. Hoje, os telhados caíram, a madeira apodreceu e as crianças estão desassistidas. Isso precisa mudar, e precisa mudar agora.”

Educação específica e acesso à tecnologia

Além da falta de infraestrutura, o senador apontou a escassez de profissionais preparados para lidar com a educação indígena. Ele lembrou que, durante seu mandato como governador, realizou o primeiro concurso público para professores indígenas do estado, garantindo a estabilidade e os direitos desses servidores.

“Mas agora é preciso ir além. É urgente ampliar esse quadro, além de garantir acesso à tecnologia e computadores para que os alunos indígenas não fiquem para trás”, reforçou.

Compromisso de longa data

Confúcio Moura fez questão de destacar que sua atuação em defesa dos povos originários não é oportunista. “Minha luta vem de longe. Já como deputado federal, prefeito e governador, criei estruturas específicas para os indígenas nas secretarias de Educação, Meio Ambiente e Saúde.”

O senador também defendeu o uso mais estratégico da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS) para avançar na saúde indígena. “É um instrumento ágil e eficiente, capaz de acelerar contratações e aquisições para áreas remotas.”

O Brasil indígena pede prioridade

Confúcio encerrou sua fala saudando o movimento indígena e pedindo que o governo federal priorize ações concretas.

“As lideranças indígenas e as autoridades precisam caminhar juntas. Visitas simbólicas são bem-vindas, mas o que eles precisam — e com urgência — são de soluções reais. Políticas públicas que funcionem na prática. Que cheguem a quem precisa.”

O senador citou, ainda, a presença dos ministros Alexandre Padilha e Wellington Dias no acampamento e a provável visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve ocorrer nos próximos dias.

“Essa presença é importante, sim. Mas que venha acompanhada de compromissos firmes e investimentos estruturais. É hora de fazer história — com justiça para quem estava aqui muito antes de todos nós”, concluiu.

Fotos capa: Foto: Geraldo Magela/Agência Senado