neste país de terras, que em si plantando, tudo dá
debaixo da terra tem o sangue e o suor dos negros exauridos
por certo, os caminhos foram outros – transoceânicos cemitérios
sopa de corpos mastigados por tubarões nas travessias
sobre os vivos prosperou elites de fausto e pompa
nem o amor foi verdadeiro
a não ser o instinto e foram esparramados, deslinguados, desmiolados
para os eitos, enquanto longe o violino plange uma valsa de requinte;
sou o batuque e a descrença de poemas aflitos
palavras em cruz, agora, depois de tudo, não chegou o “depois”
e nem o “tudo””
o agora transviado por gerações, repercute a raça em todas as cores
sem ainda a conformidade de ser e conhecer ou mesmo sentir a própria posse
a marca foi cravada com ferro quente, ainda dói, e dói muito e assim, estamos
todos nós – dizendo: – até quando todas estas portas continuam fechadas?
06 de janeiro de 2020
Deixe seu comentário