“13 de Maio não é dia de comemoração, é dia de reflexão”, diz Confúcio Moura ao denunciar exclusão racial no Brasil

“13 de Maio não é dia de comemoração, é dia de reflexão”, diz Confúcio Moura ao denunciar exclusão racial no Brasil

Durante reunião da Comissão de Educação do Senado Federal, realizada nesta terça-feira (13), o senador Confúcio Moura (MDB-RO) fez um discurso contundente sobre a persistente desigualdade racial no Brasil, afirmando que a abolição da escravatura, em 1888, representou uma liberdade “incompleta, desigual e sem reparo”.

“Hoje é 13 de maio. Uma data registrada nos livros como o dia em que o Brasil libertou seus escravizados. Mas a verdadeira história — aquela vivida nas ruas, nas favelas, nos corpos negros — mostra que essa liberdade foi apenas formal. Faltou reparação, justiça, oportunidade”, afirmou o senador.

Segundo Confúcio, a abolição foi uma medida simbólica que não se traduziu em garantias reais de cidadania para os negros libertos. “Não houve acesso à terra, à educação, ao emprego ou à moradia digna. O Estado lavou as mãos. E o resultado foi um povo deixado à margem da sociedade, sobrevivendo com o mínimo.”

Atualmente, 56% da população brasileira é negra, de acordo com o IBGE. Apesar de serem maioria, os negros ainda lideram os índices de pobreza, desemprego, encarceramento e violência. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 84% das pessoas mortas por ações policiais em 2022 eram negras, e 67% dos detentos no país também pertencem à população negra.

Mas o racismo, advertiu o senador, vai além dos números. Ele também adoece. “Ele está nas salas de aula, no bullying contra crianças negras, nos olhares de desprezo, nos silêncios forçados. O racismo tem levado jovens à depressão, à exclusão emocional — e, em casos extremos, até ao suicídio”, alertou Confúcio Moura.

Para o senador, a transformação real exige mais do que ações pontuais: precisa ser estrutural, com políticas públicas permanentes, investimento em educação antirracista, valorização da identidade negra e enfrentamento direto ao racismo institucional.

“Nenhuma criança deve ter vergonha de ser quem é. Nenhum jovem pode ser punido por ser negro. Precisamos urgentemente de um país onde ser negro signifique dignidade, força e orgulho — não dor e exclusão.”

Confúcio reconheceu os avanços promovidos pelas políticas de cotas raciais, mas defendeu que a luta antirracista vá além. Para ele, é necessário recontar a história sob uma nova perspectiva e construir uma cultura de respeito e equidade.

Encerrando sua fala, o senador citou a filósofa e ativista Angela Davis:

“Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É preciso ser antirracista.”

Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

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