Fui recebido neste sábado (8) pelo professor da Universidade de Harvard, filósofo e ex-ministro do governo Lula, Mangabeira Unger, em seu apartamento em Botafogo, Rio de Janeiro. Conversamos por cerca de 2 horas sobre temas importantes, para Rondônia e para o Brasil.
Uma curiosidade: seu avô, o líder socialista Otávio Mangabeira, foi Governador da Bahia e Senador. Foi um sujeito simples (segundo ele nunca teve carro nem casa e no banco não tinha mais do que precisava para o mês) mas deixou um grande legado na Educação. Ele construiu o maior e mais revolucionário projeto educacional do país, o Centro Educacional Carneiro Ribeiro (conhecido como Escola Parque), concretizando as idéias do educador Anísio Teixeira para uma educação em tempo integral, décadas depois resgatada em projetos como CIAC, CIEPs e outros.
A conversa com Mangabeira Unger girou menos sobre política e mais sobre temas relativos à Educação, ao crescimento econômico e desenvolvimento de Rondônia e do Brasil.
Na área política, Mangabeira acha que a presidente Dilma Roussef está isolada e precisa se articular neste segundo mandato. Já o PMDB deve ser repensado para que tenha uma nova agenda para o país, dentro de uma concepção de desenvolvimento diferente.
Na área econômica houve um consenso de que o ciclo econômico do Brasil está esgotado. Deve ser criado algo novo, pois as riquezas naturais estão se exaurindo e o ciclo virtuoso do consumo está em queda.
Concordamos que é preciso democratizar os acessos às oportunidades aos pequenos e médios empreendedores e aumentar a oferta de bens e inovação. O Estado deve induzir o crescimento das pequenas e médias empresas do país.
Algumas ações que consideramos fundamentais para o setor produtivo:
- Ampliação da extensão rural pela Emater.
- Compra da produção da agricultura familiar para escolas, hospitais e presídios.
- Investimentos ainda maiores na piscicultura
- Aumento do número de frigoríficos de peixe, estrategicamente distribuídos pelo estado.
- Recuperação de pastagens degradadas de maneira arrojada. Uma das possibilidades é uma parceria com o BNDES.
Durante a reunião também foram discutidas as vocações de Rondônia e dos estados vizinhos. O Mato Grosso, por exemplo, dedica-se ao agronegócio extensivo, semelhante ao Meio Oeste americano. Já o Acre prega o extrativismo romântico.
Rondônia é um estado diferente e especial, construído por uma classe emergente ricamente empreendedora e terreno fértil para modelos de gestão e laboratório de boas e inovadoras práticas para o país.
Temos que pensar Rondônia como um Estado de permanente vanguarda, um mostruário para o país.
Alguns exemplos de modelos de desenvolvimento que podem ser trabalhados.
a) Madeira – Divulgar e incentivar as Florestas Plantadas, com organização de seminários e Dias de Campo nos plantios existentes.
b) Manejos de madeiras nobres em Parques Estaduais e Reservas Estaduais.
c) Nas florestas da União fazer o mesmo, estimulando IBAMA e ICMBio.
d) Incentivar pequenos e médios produtores.
Na área da Educação, na qual Mangabeira é um mestre, urge combater ainda mais a evasão no ensino médio e ampliar o número de escolas com padrão de ensino mais alto, como a Anísio Teixeira.
Os Institutos Federais de Tecnologia devem servir de inspiração para nossas escolas.
Deve ser formado dentro do professorado um núcleo de vanguarda pedagógica para oferecer um novo incentivo aos professores para este avanço.Devem ser criados mecanismos para incentivar o professor a estudar, melhorar seu rendimento e o seu ganho salarial.
Deve ser feito um pacto ou acordo com os sindicatos, juízes e Ministério Público.
Tomei a decisão de convocar o Conselho de Desenvolvimento na primeira semana de 2015 para dar o ponta pé na discussão de três agendas fundamentais:
- Agenda da Gestão Pública, com um modelo diferenciado, carreira de gestor público transversal, construção de uma elite de gestor público polivalente, que domine técnicas administrativas avançadas. Deve ser discutida com o Tribunal de Contas a construção deste desenho.
- Agenda produtiva – madeira, etc
- Agenda capacitadora
Tomarei a iniciativa e proporei um pacto com os governadores do Norte, para discutir os assuntos comuns da Amazônia. Rondônia deve liderar este movimento.
Enfim, foi uma conversa extremamente positiva, da qual foram extraídos vários pontos que nortearão o meu segundo mandato.
Parafraseando um de nossos motes de campanha, RONDÔNIA ESTÁ NO CAMINHO CERTO.
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