O Hospital de Câncer de Barretos (SP), agora batizado Hospital de Amor, foi homenageado no Senado nesta segunda-feira (25). Autor do requerimento para a sessão especial, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) considera importante reverenciar o trabalho da instituição, que faz quase 6 mil atendimentos diários, todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Referência no tratamento e prevenção de câncer no Brasil, atualmente a instituição conta com 10 unidades em funcionamento e outras em processo de abertura, nos estados de Amapá, Acre, Roraima e Tocantins. Só em 2018, foram atendidos mais de 192,2 mil pacientes de 2.167 cidades de todos os estado, com quase 1 milhão de procedimentos nas unidades móveis e nas instalações fixas da instituição.
Eduardo Gomes ressaltou a importância do hospital até mesmo para pessoas que não têm parentes acometidos de câncer e nos lugares mais distantes do país. O parlamentar elogiou o trabalho do presidente da instituição, Henrique Prata, filho do idealizador do projeto, o médico Paulo Prata. E disse que, além de prestar homenagem e reconhecimento, solenidades como a desta segunda-feira também são uma forma de prestação de contas.
— É uma manhã feliz para todos nós. Fiz questão de marcar este momento, deixar registrado nos anais desta Casa que dificilmente teremos uma sessão especial com tantas pessoas entregues à causa conectadas. E esta é uma característica do Hospital de Amor. Se há uma causa que abraça a condição humana, é esta. E nós temos uma luta árdua, porque é sempre uma necessidade conseguir os recursos e as condições para atender aos milhares de brasileiros que aguardam por tratamento, atenção e carinho — declarou.
O senador Confúcio Moura (MDB-RO) destacou o bom atendimento do Hospital de Amor, não apenas aos pacientes, mas também aos acompanhantes, que acontece de maneira gratuita. O parlamentar comentou a energia e disposição de Henrique Prata para dirigir a instituição e citou a contribuição de artistas, empresários brasileiros e também de organismos internacionais que ajudam a manter o trabalho. Confúcio lamentou, no entanto, que o excesso de burocracia no país ainda atrapalhe o Hospital de Amor de avançar.
— A burocracia conspira contra o Hospital de Câncer generoso, bondoso, humanitário. Conspira, judia dele. Lá é onde o paciente chega e logo é rodeado por especialistas, e já sai com exames pedidos de maneira colegiada e todos os rumos tomados. Além de economizar tempo, isso deixa as famílias felizes, por terem agilizado o atendimento e seu procedimento.
O presidente do Hospital de Amor destacou dificuldades para expandir o atendimento, a exemplo de parcela do setor privado que vê, no serviço filantrópico, algum tipo de ameaça. Prata afirmou, no entanto, que sua família tem uma história humanista de mais de 150 anos, e a mentalidade de que o dinheiro não pode ser o definidor de quem merece ou não tratamento. Ele mencionou também o propósito ensinado por seu pai, o médico Paulo Prata, de que todas as pessoas com câncer merecem ser tratadas de maneira igualitária e honesta.
— O certo é fazer o que é certo, independentemente de qualquer dinheiro que essa pessoa tenha. O câncer não pode ser designado por atitude do primeiro que atende, porque ele não tem competência para fazer todo o processo. Essa pessoa vai passar pela radioterapia, pela quimioterapia. E a disciplina do eixo criado pelo meu pai há 58 anos, e que temos hoje, é: todos os nossos pacientes têm recepção multidisciplinar, para decidir o tratamento de cada um, porque ali já é o começo para se acertar muito mais e se errar muito menos — frisou.
História
Na década de 1960, o único centro especializado para tratamento de câncer situava-se na capital do estado de São Paulo. Os pacientes que apareciam com a doença no Hospital São Judas, de Barretos, eram em sua maioria usuários da rede pública de baixa renda, com alto índice de analfabetismo. Por isso, tinham dificuldades de buscar tratamento na capital.
Em 27 de novembro de 1967, foi criada a Fundação Pio XII, que passou a atender pacientes com câncer. O pequeno hospital contava com apenas quatro médicos, que trabalhavam em tempo integral. Devido à grande demanda, o médico Paulo Prata propôs a construção de um novo hospital que pudesse responder às crescentes necessidades da população. No ano de 1989, Henrique Prata, filho de Paulo Prata, abraçou a ideia do pai e, com a ajuda de fazendeiros da cidade e da região, finalizou mais uma parte do projeto: o pavilhão Antenor Duarte Villela, onde hoje funciona uma parte dos ambulatórios do novo hospital, inaugurado em 1991.
O projeto vem tomando grandes proporções com a ajuda da comunidade, de artistas, da iniciativa privada e com a participação governamental. Outras áreas do hospital estão sendo construídas para atender, gratuitamente, aos pacientes com câncer. De acordo com o Ministério da Saúde, o Hospital de Amor tem 231 leitos para atender pacientes da rede pública de saúde. A instituição filantrópica conta com tecnologia de ponta, o que permite o uso de técnicas minimamente invasivas, a exemplo da execução de procedimentos cirúrgicos por vídeos, por meio do robô Da Vinci.
Fonte: Agência Senado
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