Pronunciamento sobre Guerras

Pronunciamento sobre Guerras

O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Democracia/MDB – RO. Para discursar.) – Sr. Presidente, Senadores, é uma satisfação estar usando a palavra nesta tarde, na retomada das atividades legislativas aqui no Senado.

Quero desejar a todos que este ano seja um ano muito produtivo, que a gente consiga realmente cumprir a pauta da regulamentação das leis complementares à Reforma Tributária, e espero que a gente consiga desempenhar nosso papel aqui no Senado com muita presteza.

Sr. Presidente, o meu discurso de hoje… Estamos vivendo um momento inusitado no mundo. Os horrores das guerras modernas

Esses recursos extraordinários investidos na indústria armamentista até poderiam se justificar se os indicadores de violência no planeta estivessem se reduzindo. Pelo contrário, a arma cai, em geral, na mão errada.

Pesquisas recentes mostram que os gastos militares, no ano passado, foram de US$2,3 trilhões, cerca de R$10,9 trilhões – um PIB brasileiro inteiro gasto com armamentos –, o maior valor desembolsado depois da Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos gastam 41% do volume dos gastos militares no mundo; a China gasta 10%; a Rússia, 5%; e o Brasil está em 14º lugar, gastando R$24,2 bilhões em recursos com armamentos, em uma verdadeira militarização da economia.

Aqui na América Latina, tem um país diferente dos demais, a Costa Rica, que, em 1948, por iniciativa do Presidente José Figueres, aboliu o Exército, declarou paz ao mundo e apostou na vida. Até hoje, a Costa Rica mantém-se fiel a esse propósito e suas prioridades são outras: a educação do seu povo, a preservação do meio ambiente e a redução da pobreza extrema. Inclusive, um de seus Presidentes, Óscar Arias Sánchez, foi ganhador do Prêmio Nobel da Paz, pelas suas ações pela paz na América Latina, no ano de 1987.

A guerra, no meu ponto de vista, é uma imbecilidade humana que sempre existiu e me parece que sempre existirá. Quanto mais se investe em armas, mais faltarão recursos para combater a fome e a ignorância, mas deixemos de lado o conceito de guerra, porque não sei definir os reais interesses por trás dele. Vou passar a falar da nossa guerra interna, a nossa guerra brasileira, a nossa guerra civil de todos os dias.

Se analisarmos as estatísticas de mortes na Ucrânia e na Rússia, como também em Israel e as do Hamas e seu povo palestino, ficaremos assustados, porque nem chegam perto das mortes dos cidadãos brasileiros que acontecem todos os dias. Há uma estimativa de 60 mil mortes violentas por assassinato, no Brasil, por ano, fora os demais acidentes que, juntos, ultrapassam 100 mil mortos. A pandemia é a pandemia da violência, a guerra das nossas periferias sitiadas.

O homem, como espero, prevalecerá e a esperança não pode ter fim. Por isso é que devemos enfrentar o crime com uma boa escola e, melhor ainda, com escola de qualidade para os mais pobres, para se levar para a pobreza a dignidade, as boas obras, as boas práticas e o apoio de que necessita, para que se orgulhe. Na escola, como nas comunidades, há a introdução de projetos importantes, como alguns já iniciados no Brasil, isoladamente, para uma cultura da paz.

Tudo é lento, mas deve ser iniciado, como é feito, no Estado do Pará, com a iniciativa do Governador Helder Barbalho, com o seu programa Usina da Paz e, em Pernambuco, com o Centro Comunitário da Paz, o Compaz. São exemplos isolados que devem ser ajustados à realidade das cidades brasileiras e copiados.

Dessa forma, Sr. Presidente, este assunto é um assunto importante. É um assunto que nos enche os espaços da mente diariamente com os noticiários das atrocidades mundo afora. E, assim sendo, eu gostaria, aqui, de fazer o meu culto à política de paz, à cultura da paz, que deve ser cultivada em todos os ambientes da nossa vida, nas escolas, nas famílias, nas igrejas, a cultura da paz, a propagação desse sentimento verdadeiro, para que a gente possa prosperar, crescer, gastar o dinheiro, o dinheiro coletado da tributação, para o bem do próprio homem, para investimento nas crianças, para a melhoria das nossas condições de desigualdade social.

Era isto, Sr. Presidente.

 

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