Há um silêncio na rua, porque os domingos são assim mesmo. Até mesmo o barulho das serras no aço do prédio ao lado, hoje, não houve. Olhando assim, pelo alto, as casas, os prédios, parece até que as pessoas dormem. A gente não sabe.
Porque ainda é dia e o sol, apenas, declina. Aqui, onde moro, as pessoas usam máscaras. Nem sei como, as crianças também. Eu vejo na TV, no rádio, que nesta mesma cidade, noutros lugares, poucos usam máscaras. Os ônibus continuam cheios. Passageiros em pé por horas encostando um no outro.
Ouço o sino da igreja. Deu saudade da minha cidade natal. O sino, no domingo, chamando os fiéis para missa. Pela terceira vez. Ninguém sabe nada. O ano chega ao fim. O coronavírus mostra-se vigoroso. Enquanto os pesquisadores estão sumidos em seus laboratórios. Ainda bem que eles existem. Se a esperança é pouca, pelo menos eles amenizam nossas mentes aflitas um pouquinho. Que se reze. Que se leia mais poesia. Que se ouça mais músicas. Que se indigne com a destruição do mundo.
Muitos países reiniciam suas práticas de bloqueio da doença. Como se estivéssemos em março deste ano. 2020 é um ano aziago. A pobreza aumenta, solução não há. O que será depois do coronavírus? Como será o mundo deste pós-guerra? Ninguém precisa se preocupar com isto.
Porque ele será do jeito que sempre foi.
Algumas considerações econômicas visando um “noves fora” um pouquinho diferente. A democracia aqui e ali ameaçada. O povo infortunado, sem mais fé, nas ruas, manifestando. Praças e ruas cheias de gente com o mesmo sentimento de revolta. Apenas, esperando qualquer que seja o comando, para pôr o mundo abaixo.
E no mais, é se ler e nada entender da psicologia comportamental, dos sentimentos coletivos guardados, da imprevisibilidade de tudo. O Brasil sem coragem para se despertar. E encarar a dura verdade dos fortes. Será assim. Salvem-nos pesquisadores. Fiquem ricos laboratórios! Quero pousar de novo, na minha vida comum.
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