O social sempre tocará o meu coração
A mãe que levanta cedo, lava as roupas dos filhos, dá remédios a um e outro, conduz no horário o especial à APAE ou à Pestalozzi. A mãe que às vezes não dorme à noite para baixar a febre do filho com câncer. A realidade da infância e da terceira idade carentes em Rondônia me sensibilizam 24 horas por dia desde o período de médico em Ariquemes, de secretário estadual de saúde, e segue orientando parte de minhas ações.
Foi assim na Prefeitura de Ariquemes, no Governo de Rondônia, na Câmara dos Deputados, e hoje é no Senado Federal.
Quantas creches, associações e fundações representam os carentes em nosso estado? Um tanto, todos sabem.
Na semana, destinei R$ 5,6 milhões para fortalecer a assistência social em 16 municípios. Escrevo esta nota quando o Brasil recebe atento e aliviado uma reforma tributária sonhada 35 anos atrás. Assunto para outro comentário, é verdade.
Faz parte da minha labuta diária olhar para o social, ao mesmo tempo em que piso no chão de granito e nos carpetes azul e verde; lavo meu rosto nas pias de mármore; e me sento naquelas almofadas macias para votar matérias que beneficiam o poder dominante.
Examino minha trajetória e sinto que, em ambas as Casas de Leis eu cumpro os meus sucessivos mandatos, cujas facetas implicam também ser despachante. Sim, Rondônia e a maior parte do País sempre foram dependentes desses parlamentares que buscam recursos onde devem ser buscados e os distribuam dentro da legalidade a quem esteja merecendo.
Prioridade novamente neste terceiro Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do qual sou vice-líder, o social saltou aos olhos, nos fazendo ver que a busca de recursos é o sinal deixado por Sua Excelência para que façamos a nossa parte pelos necessitados.
Além de minha vontade própria há anos testada pela população, sinto nisso uma ordem do Presidente: olhem para o próximo, retomem obras inacabadas, saiam dos novelos deixados pela insensibilidade de outros, façam o que tiverem condições – e temos – de fazer.
É muito cômodo obter a dilatação dos prazos de dívidas para o pagamento de financiamentos concedidos aos setores industrial e agropecuário. Basta ler os balanços do Banco do Brasil a cada ano para sentir a força desse privilégio. Votar, então, é simples, porque nos acostumamos às concessões. No entanto, enquanto isso acontece, a sociedade e grande parte do eleitorado faz vistas grossas e não se desacostuma de blasfemar e até duvidar de resultados dos programas sociais, desde o Bolsa Família aos programas de saúde na família, na escola, à eletrificação rural.
Chegam ao cúmulo de imaginar que nos rincões mais distantes dos estados carentes, o passe de mágica solucionaria tão elementares carências.
Percebam os críticos bravateiros: nossos próprios indígenas, há anos, produzem, alguns até são campeões na agricultura: nove povos, por exemplo, dão show na cultura cafeeira e veem seu café orgânico ser consumido lá na Suíça.
Sempre os apoiei, visitei, construí mais de cem escolas, mantive a Língua-Mãe e sou visitado por líderes que chegam a Brasília feito “São Tomé”, querendo ver se é verdade que o senador Confúcio os apoia. Apoio, sim, porque são seres humanos filhos de ancestrais, ex-donos de toda a terra amazônica e de outras mais. São séculos e até milênios de longa História.
Ah! santa compreensão. Rogo sempre para que nas ilhas eletrônicas do Waths App apareçam também os elementos que ainda faltam para que as pessoas possam se tornar menos discursivas, mais solidárias e cristãs de verdade.
Nós, em Rondônia, perdemos nos anos 1970 e 80 muitos migrantes “destemidos pioneiros” para a malária e outras endemias.” Hoje lutamos contra o câncer – de diferentes tipos –, contra a ganância e contra a depressão.
Não podemos esmorecer diante do “mal da Humanidade até os anos 2030”, conforme previsão da Organização Mundial de Saúde.
Somos bafejados pela prosperidade. Aqui temos gente trabalhadora, produtora, mas convenhamos, ainda possuímos alguns bolsões de pobreza e precisamos ter consciência disso.
Nesses bolsões e nas grandes cidades, o câncer é um só, apuram os estatísticos do Hospitais de Base, de Amor e São Pelegrino. E atacam também as criancinhas.
Leiam os IDHs de cada município, percebam as estatísticas de saúde pública. O IBGE libera esses dados permanentemente.
Conheçam um pouco mais do Cadastro Ambiental Rural; da titulação que ainda guarda resquícios de quatro décadas de colonização fundiária; do arrendamento de sítios para empresas mineradoras; dos custos da saúde pública diante de doenças esperadas, de epidemias que prosseguem e de uma pandemia que sacudiu o ser humano na Amazônia, no Nordeste, no País e até nos ricos países europeus e nas potências asiáticas.
Muito antes de constatar esses IDHs, eu criei em meu governo o Instituto Abaitará, escola agroecológica em Pimenta Bueno.
Quando eu ainda cursava medicina, lia e ouvia notícia a respeito do êxodo rural, de filhos que abandonavam a família para ir estudar em grandes centros. Filhos que não voltavam mais.
O filme de ontem me põe hoje a obter a parceria do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) para dar seguimento ao resgate da velha e tradicional agricultura, que somada à modernização da pecuária e à piscicultura, nos possibilitará atender à subsistência e às exportações.
Rondônia milagrosa, fará tudo a um só tempo. Nesse olhar para o apoio à agricultura familiar, aos médios e grandes proprietários, decidi me entregar a dois eixos que já oferecem a redenção: 1) regularização fundiária em prol da verdadeira paz no campo (Projeto de Lei 2757/22) – a Lei da Paz e da Prosperidade, sem a necessidade da Força Nacional assustando e maltratando as pessoas; 2) distribuir mudas de cacau clonal aos municípios, com apoio da Emater, do IFRO e da Embrapa; 3) dimensionar Unidades de Conservação e medir seu potencial em crédito de carbono.
Outro dia, na presença do ministro Renan Filho (Transportes), o prefeito de Itapuã do Oeste, Moisés Cavalheiro (MDB) discursou debaixo do Sol quente: “Quando essas obras forem concluídas, nossa cidade deixará de ser chamada o patinho feio da BR-364; seremos a Princesinha.”
Itapuã que antes de ser esse nome, fora berço de empresas multinacionais de mineração. Hoje, a Floresta Nacional do Jamari faz parte da economia desse e de outros municípios da região. E exporta.
Enxerguemos o horizonte: quando a economia ceder à solução da desigualdade social acontecerá aquilo tão repetido nos anos em que repetiam frases do “milagre brasileiro”: “Ninguém segura este País.”
E ninguém segura mais Rondônia. Do que precisamos mais é sermos, além de um “estado de oportunidades”, um estado solidário.
Até a semana que vem.
CONFÚCIO MOURA
Senador pelo MDB-RO
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