Durante a reunião deliberativa da Comissão de Meio Ambiente do Senado (CMA), nesta terça-feira (8), o senador Confúcio Moura (MDB-RO) fez um duro e contundente pronunciamento sobre o cenário político e econômico do Brasil. Em tom de desabafo, ele denunciou o poder desmedido do lobby no Congresso Nacional, os privilégios sustentados por incentivos fiscais bilionários e a grave fragilidade fiscal do país.
“Isso que eu digo vem de um sentimento real de angústia”, afirmou Moura. Segundo ele, apesar dos discursos bem elaborados no Parlamento, os resultados práticos para a população são mínimos. “A gente fala, faz discursos bonitos, mas não consegue ver o resultado na realidade”, lamentou.
O senador destacou a atuação sistemática de grupos de pressão dentro do Congresso, especialmente em temas relacionados ao sistema financeiro e à reforma tributária. “O poder do lobby é fora do comum. Pessoas bem remuneradas trabalham dia e noite para convencer parlamentares de que qualquer mudança ameaça o mercado”, criticou. Moura ainda denunciou que relatorias de projetos estratégicos muitas vezes são controladas por esses grupos. “Quando tentam alterar algo que contraria seus interesses, são substituídos de forma repentina.”
Outro alvo das críticas foi o sistema de incentivos fiscais. Segundo Confúcio, o Brasil concede benefícios bilionários a empresas com a promessa de geração de empregos e crescimento — promessas que, segundo ele, raramente se concretizam. “Montadoras de veículos, por exemplo, deixam de pagar tributos estaduais e federais, recebem incentivos e o país não vê retorno real. É um jogo desigual que só favorece os grandes.”

O senador também fez um alerta grave sobre a saúde fiscal do país. De acordo com ele, após o cumprimento das obrigações legais, sobram apenas cerca de R$ 100 bilhões para o governo administrar áreas essenciais como saúde, educação e transporte escolar. E a projeção é ainda mais preocupante: segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), esse valor pode cair para R$ 40 bilhões até 2027 e para R$ 30 bilhões até 2031.
“Com esse orçamento, o Estado fica paralisado, sem capacidade de investir ou melhorar os serviços públicos”, alertou. Moura também chamou a atenção para o crescimento da dívida pública, que pode chegar a 125% do PIB até 2031, conforme previsões de economistas como Marcos Mendes e Zeina Latif.
Encerrando sua fala, o senador fez um apelo direto por mudanças estruturais urgentes. “Se não houver coragem de enfrentar os interesses instalados, vamos caminhar para um colapso anunciado”, afirmou, deixando um recado claro ao Congresso e ao governo.
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