No Assentamento Maria José Rinque, Ariquemes, Rondônia, ouvi falar, pela primeira vez, em pedagogia da terra. Uma professora, vocacionada pelo socialismo puro, foi a São Paulo fazer mestrado em “pedagogia da terra”, para depois retornar ao seu assentamento para ensinar os meninos.
Numa roda de conversa, debaixo de um sombreado, plantado no que se chama de consórcio de cafezal, cacaual, bandarras, frutíferas, arvores de lei, ouvi dizerem de escolas de comunidades. Onde os professores são os próprios pais. Onde os mais velhos são os que transmitem às crianças os conhecimentos de suas vidas. E as doutrinas aprendidas com suas lideranças.
Ouvi tudo aquilo, no meu modo. Achei tudo estranho, até mesmo uma ponta de absurdo. E o tempo passou. Eu fiquei pensando no modelo de escola de comunidade, mescla de saberes tradicionais, de chás medicinais, de alimentação orgânica, sem nenhum uso de agrotóxicos, a conservação de suas sementes próprias, nativas, que vão se replicando ano a ano.
Nada de sementes transgênicas. Nada de adubos químicos. Os criames de porcos, galinhas, vacas leiteiras em estágio natural, sem venenos, pastagens consorciadas com leguminosas. O ciclo completo, como ensina Ana Primavesi, a rainha da agroecologia, a rainha do solo natural, enriquecido com a própria natureza. Depois de tudo isso, passei a admirar, a respeitar o modelo de escola do MST.
Que tem como base ensinar para a vida. A vida e a natureza. A vida e a ecologia. A vida e o respeito. A vida rolando de um para o outro. Como se dissessem – meu assentamento é todo o mundo. E a felicidade está aqui. No meu pedaço de terra. Sob o meu luar. Meu céu de Primavesi.
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