É com tristeza que registro o falecimento de Dom Moacyr Grechi

É com tristeza que registro o falecimento de Dom Moacyr Grechi

SENADOR CONFÚCIO MOURA (MDB/RO)
99ª Sessão Não Deliberativa da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 56ª Legislatura
Plenário do Senado Federal
18/06/2019

O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB – RO. Para discursar.) – Sr. Presidente, “o ultimo de todos e o servo de todos” (Mc 9,35). Esse é o Lema que caracterizava a identidade sacerdotal de Dom Moacyr Grechi.

É com tristeza que registro o falecimento na tarde de ontem, dia 17, de Dom Moacyr Grechi, Arcebispo Emérito de Porto Velho, aos 83 anos de vida, após duas paradas cardíacas. Foram quase meio século de sacerdócio e um vasto histórico de ações e boas obras.

Natural de Santa Catarina, deixou sua cidade natal após ter sido ordenado sacerdote, aos 25 anos, para, em 1972, aos 36 anos de idade, um dos mais jovens bispos do Brasil à época, assumir a Diocese de Rio Branco, no Acre, por escolha feita pelo Papa João Paulo VI.

Na capital Rio Branco, Dom Moacyr apresentou a teologia da libertação para o sindicalista e ativista Chico Mendes, que conheceu pela atuação nas Comunidades Eclesiais de Base. Mais tarde, após 1988, lutou pela punição dos assassinos de Chico Mendes, árduo defensor da Floresta Amazônica, outra bandeira apoiada por Dom Moacyr.

Referência espiritual e ser humano extraordinário, Dom Moacyr era um homem dedicado e estudioso, dotado de grande erudição – fez mestrado em teologia em Roma, lia em diversos idiomas, tinha senso de humor apuradíssimo, exímio orador e capaz de entusiasmar a audiência desde as primeiras palavras.

Esse homem santo, com uma longa história de luta, ética e coragem, cuidou de homens, mulheres e crianças com o amor de um pai amoroso. Por quase três décadas, dedicou sua vida ao povo do Acre, principalmente em defesa dos indígenas, trabalhadores rurais, seringueiros e outras categorias.

A nível institucional, Dom Moacyr foi um dos criadores da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, atuando na defesa dos cidadãos em situação de exclusão social e em busca de justiça social.

Nomeado Arcebispo de Porto Velho em 1998, função que exerceu com amor, dedicação, ética e responsabilidade até 2011. Durante seu ministério em Rondônia, Dom Moacyr continuou sua luta em defesa das causas sociais, com a vida dos pequenos e dos pobres.

Como Arcebispo de Porto Velho por quase 14 anos, contribuiu para a criação da Faculdade Católica de Rondônia, da Comissão Justiça e Paz de Rondônia e para o fortalecimento dos Centros Sociais da Arquidiocese.

Foi membro delegado pela CNBB da Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho (Conferência de Aparecida), que aconteceu em maio de 2007, onde teve contato com Mário Jorge Bergóglio, então Arcebispo de Buenos Aires, que futuramente seria o Papa Francisco.

Seu trabalho foi tão importante, Sr. Presidente, e reconhecido que, mesmo estando em Rondônia, em janeiro de 2018, D. Moacyr recebeu a mais elevada honraria que o Ministério Público do Estado do Acre oferece às pessoas que se destacam em defesa da sociedade: “Alguém que se dedicou à missão de amar o próximo e a executou com ‘benevolência, alegria, paz, paciência, benignidade, fé, mansidão e temperança. Pois contra estas coisas não há lei’ (Gálatas 5,22.23). Há somente o nosso reconhecimento e agradecimento”, disse o Procurador-Geral ao condecorar o Arcebispo com a honraria.

D. Moacyr permanece vivo em nossos corações e ideais, sendo lembrado por seu incansável trabalho na defesa das causas humanitárias e dos direitos humanos e pelo legado de honradez, caridade e amor.

São essas as minhas palavras, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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