A priorização do transporte ferroviário trará benefícios à sociedade brasileira, afirma Confúcio Moura

A priorização do transporte ferroviário trará benefícios à sociedade brasileira, afirma Confúcio Moura

O parlamentar disse que o desafio ferroviário não se baseia apenas em construir novas linhas, mas buscar soluções que melhorem as vias já existentes – e inclua o transporte de passageiros para equilibrar preços de passagens

Em pronunciamento em Plenário nessa segunda-feira (23), o senador Confúcio Moura (MDB-RO) fez uma reflexão sobre a infraestrutura brasileira e lamentou os dados do Fórum Econômico Mundial em que mostra o Brasil na 71ª posição no índice de competitividade global e 78ª posição, no mesmo ranking, quando o recorte é o de infraestrutura. O parlamentar ressaltou ainda a importância da retomada do transporte ferroviário no país.

O parlamentar, que é presidente da Comissão de Infraestrutura no Senado, disse que a melhor forma para o Brasil melhorar nesse ranking e colher benefícios disso, como a redução do custo do transporte, a redução da emissão de gases de efeito estufa, a redução de acidentes e mortes nas estradas é o investimento em ferrovias.  “O Plano Nacional de Logística (PNL), até 2035, traçou um horizonte desafiador que se alicerça no uso modal ferroviário para mudança do cenário”, disse Confúcio.

Segundo o senador, as ferrovias brasileiras são antigas e, sem explicação razoável, o país ainda possui a mesma quilometragem que tinha em 1930. “Pouca coisa evoluiu nesses quase 90 anos. A mais recente versão do Plano Nacional de Logística indicou uma alteração crucial na matriz de transporte para o ano de 2035, intencionando passar o modal ferroviário, dos atuais 20% de participação no transporte de cargas, para chegar até 30% ou 40%, a depender dos cenários estudados”, informou.

Investimento ferroviário

Fotos: Jefferson Rudy/Agência Senado

De acordo com o parlamentar rondoniense, o Brasil, para alcançar essas metas, o modal ferroviário demandaria cerca de R$ 170 bilhões em investimentos, montante superior a qualquer dos outros modais para o mesmo período. Para tornar essa meta realidade, segundo Confúcio Moura, o setor público e o setor privado precisarão trabalhar em conjunto e terem isso como prioridade das prioridades.

Dentre os muitos desafios da implementação ferroviária, Confúcio Moura lembrou que hoje apenas 30% dos mais 30 mil quilômetros de ferrovias federais não possuem circulação regular de trem. “Tem a ferrovia, mas não tem trem, praticamente a metade de nossas vias férreas estão inoperantes ou subutilizadas. Adicionalmente, parte dessa malha, além da idade centenária, enfrenta enormes desafios ao transitar em ambientes urbanos densamente povoados. Ora, se transita em ambiente urbanos, porque não transportar passageiros? ”, indagou.

Confúcio Moura disse que o desafio ferroviário no Brasil não se baseia apenas em construir novas linhas, mas, igualmente, em olhar para soluções que melhorem as vias já existentes, eliminando a ociosidade e requalificando os trechos conflituosos. “Simultaneamente, as ferrovias necessitam ser integradas em definitivo aos demais modais, seja por uma oferta maior de pontos de entrada e saída de carga no sistema, seja por meio de terminais e pátios de cargas multimodais, o que incluiria transporte de pessoas”, sugeriu o parlamentar.

O senador destacou a inauguração da Ferrovia Norte-Sul, com mais de 3,5 mil quilômetros. “A Norte-Sul foi lançada no Governo Sarney, há exatamente 40 anos. Foram 40 anos, para terminar essa ferrovia, muito tempo, e eu sei que isso tudo é falta de dinheiro, falta de recursos. Ainda bem que as parcerias público-privadas têm ajudado muito, principalmente na gestão da Ferrovia Norte-Sul”, sublinhou Confúcio Moura.

Debentures de Infraestrutura

Confúcio Moura lembrou da sua relatoria na Comissão de Infraestrutura (CI) e do senador Rogério Carvalho (PT-SE), em Plenário, da criação das debêntures de infraestrutura, recentemente aprovada na Casa e agora está na Câmara dos Deputados. Essas debêntures, segundo o parlamentar têm o objetivo de captação de recursos do mercado para investimento, exclusivamente, em infraestrutura. “É como se as debêntures fossem ações vendidas no mercado. Já existem outras, por exemplo, as debêntures incentivadas, que já captaram, eu creio, R$ 60 bilhões. Com a debênture de infraestrutura, com certeza, o Governo brasileiro terá mais recursos para investimento em outros modais viários”, ressaltou.

O parlamentar informou que o transporte mais barato é o hidroviário; o ferroviário é o segundo mais econômico e hoje as mercadorias e cargas são transportadas, em grande escala pelo rodoviário. “O transporte rodoviário é caro, é dispendioso. Então, a gente precisa ampliar a malha ferroviária, buscando novas formas de captação de recursos, como as debêntures de infraestrutura, justamente para amenizar a dramática situação da infraestrutura nacional”, enfatizou o senador.

Coragem da classe empresarial

Para Confúcio Moura, o esforço do empresariado brasileiro é muito grande. “É comprovado o excelente resultado, cantado em verso e prosa, do agronegócio brasileiro, que tem indicadores extraordinários de produtividade e inovação.  Precisamos disso, porque o agro é eficiente da porteira para dentro; da porteira para fora, é uma calamidade. Por causa das estradas de chão, dos atoleiros, das dificuldades, há prejuízo de carga e desperdício de grãos, que vão caindo e se perdendo nas rodovias. Tudo isso prejudica e reduz a competitividade do empresariado brasileiro”, concluiu o senador.

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