Poderia ser aqui um conto de ficção fantástico, caso não se tratasse de uma realidade nua e crua. Eu aprendi a fazer asfalto barato com o Isaac Benesby. Ele, como um vaqueiro da caatinga nordestina, entrava numa rua como se fosse num cipoal de arranha-gato. E lá à frente, tudo ficava maquiado e bonito.
Ele foi treinando o pessoal da Prefeitura de Ariquemes. Alex foi um deles. Montou seu grupo e passou a ser um cara virado. No Governo do Estado repeti o que havia aprendido. Montei vários grupos de “asfalteiros” de guerra e trouxe “apenados” para trabalhar. Deu certo. E fui andando.
Agora, gente do céu, o mais terrível deles é o bendito Zé Luiz, que encontrei no Jaru e é virado nos 30. Não é 30 anos não! O 30 aqui é espevitamento e criatividade. O camarada já deve estar na casa dos 60 anos. Ele pinga suor no trecho, dói as costas, precisa de uma cirurgia e foge dos médicos. Agarra no serviço como um leão, ama o que faz.
Certo dia em 2014, prometi asfaltar o acesso à Faculdade, lá no Jaru. Muita gente ouviu. Eu nem sabia se tinha material no estoque. Prometi assim mesmo. Sem saber, corri atrás do Zé Luiz e falei: – em 30 dias quero a rua recuperada. Ele me disse: – não tem material asfáltico nenhum, governador. Falei – Zé Luiz, já prometi! Dá seu jeito.
Não deu outra, ele fez o serviço misturando cimento com cascalho. O chamado “solo e cimento” vira uma rocha, não fica preto como o asfalto, mas liso, duro e resistente. Muita gente valoriza a cor, o cheiro, o piche. Zé Luiz não quer nem saber e faz.
A este homem de aço, pelo trabalho devoto ao Estado, concedi a maior medalha de honra a um cidadão rondoniense – A Medalha Marechal Rondon.
Este é o capitulo primeiro.
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