RUBÃO: O cozinheiro do fim do mundo

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RUBÃO: O cozinheiro do fim do mundo

Rondônia ainda era terra desconhecida. Erma sesmaria,  que foi Mato Grosso e Grão Pará, em tempos idos.  Vi e ouvi histórias, quando aqui cheguei, ano de 1976, que podem parecer fantasias deslumbantes. Rubão não sabia a idade, nem interesse tinha com o tempo. Acostumou a ser assim, sem idade, sem datas, sem aniversário. Era homem chucro e maduro, como se diz vivido. Barrigudo de tanto comer gordura e doce, e quando estava na rua, bebia cachaça até apagar completamente. Ofício reconhecido de  cozinheiro de trecho. Passava até mês inteiro no mato, com a equipe de topografia, medindo terras, para o Incra, para futuros assentamentos.

O cardápio era um só: arroz, farinha, macarrão, jabá.  E alternava a composição. Carne “verde” só de bicho do mato. Na equipe tinha o caçador. Rubão puxava a guia do pessoal com a mula carregada e se arranchava à frente. Tinha experiencia no ritmo da demarcação. Fim de mês vinham todos  à Vila abastecer o rancho. E entravam noite e dia na bebedeira, caiam nas portas do botequins. Cumprido o prazo sumiam no mato. Todos que conheceram Rubão, só tinham por ele elogios a fazer, pelos seus arranjos culinários, criatividade, de fazer do simples, pratos inesquicíveis e deliciosos. Uma bóia de sustança.

Ele fez parte da história da cidade de Ariquemes. Como um dos seus construtores,  da empresa BASEVI – topografia.

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