Com três mandatos como deputado federal e vasta experiência como secretário estadual de Educação, o economista e mestre em Gestão Pública Raul Henry voltou a aquecer o debate sobre alfabetização no Brasil e destacou a relevância do ensino integral iniciado por Confúcio Moura (MDB) no Projeto Burareiro, em Ariquemes (RO), quando prefeito daquele município.
Henry esteve na capital rondoniense nesta sexta-feira (4), participando da 11ª edição do projeto Pensar Brasil, promovido pela Fundação Ulysses Guimarães.
“Não existe desenvolvimento sem educação. E ela só funciona no Brasil se garantirmos que a criança aprenda a ler na idade certa”, afirmou, destacando dados do Índice de Gini que apontam melhores rendas e maior bem-estar entre aqueles que concluem o ensino médio.
Henry alertou para o cenário preocupante da alfabetização no país: “Quatro em cada dez crianças permanecem analfabetas no sentido legal; a compreensão de textos caiu de 60% para 10%. Isso é uma tragédia inaceitável.”
Defensor da educação integral, reforçou que, de acordo com a ciência, 96% dos neurônios se formam entre zero e seis anos de idade, o que torna urgente garantir a alfabetização nesse período. Ele propôs ao Ministério da Educação a adoção de um currículo nacional com ensino integral obrigatório.
Preocupado com o aumento da cooptação de crianças pelo crime organizado, Henry defendeu também medidas para valorizar a carreira docente e combater a má gestão escolar. “O mundo inteiro valoriza o professor — nós, não”, criticou.
Formação tecnológica como pilar
Raul Henry apontou ainda a necessidade de integrar educação, ciência e tecnologia como caminho para consolidar a democracia e ampliar oportunidades. “Povo qualificado, eleitor qualificado, decide melhor”, frisou.
Lembrou que 75% dos jovens estão à beira do desalento, sendo potenciais vítimas do crime organizado. “São dez milhões de jovens que já não querem mais estudar nem trabalhar, segundo as pesquisas. Precisamos agir”, alertou.
Henry também fez um mea-culpa sobre a omissão do Estado em relação ao ensino público: “A escola pública deixou de ser problema da elite, que matricula seus filhos na rede privada. Precisamos reagir.”
Inclusão de negros, pardos e indígenas
A coordenadora do MDB Afro Mulher, Maria da Penha de Souza, aproveitou o evento para propor ao diretório estadual e à FUG um debate sobre políticas públicas que incluam, além da população negra e parda — que representa 55% do país —, também os povos indígenas.
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