Homenagem ao Dia Internacional da Educação

Homenagem ao Dia Internacional da Educação

SENADOR CONFÚCIO MOURA (MDB/RO)
59ª Sessão Não Deliberativa da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 56ª Legislatura
Plenário do Senado Federal
29/04/2019

O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB – RO. Para discursar.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, é com muita satisfação que eu também retomo o discurso iniciado pelo ilustre Senador Jorge Kajuru sobre a educação.

Hoje é dia 29; ontem, dia 28, domingo, foi o Dia Internacional da Educação.

Este meu discurso de hoje, Sr. Presidente, eu ofereço ao povo brasileiro. Eu o ofereço a todos os telespectadores da TV Senado. Eu o ofereço a todos aqueles que não estão assistindo a esta sessão. Eu o ofereço a todas as cidades brasileiras, a todos os cantos das áreas urbana e rural deste País. O tema é educação.

Este meu brado hoje aqui, do Kajuru e de outros tantos, sobre educação não é um discurso comum. Não é um discurso trivial. Não é um discurso corriqueiro, sem sentido. Ele é um discurso de chamamento, de convocação, de penetração nos corações do povo brasileiro, de todas as lideranças nacionais, dos pais, dos avós, dos tios, do povo, enfim, dos prefeitos, dos vereadores, de todos os congressistas, para que realmente desperte em todos nós esse ponto da virada necessária ao Brasil.

Esse dia consagrado à educação é um dia muito importante. Há muitos feriados, há dias santos, há dias dos motivos locais, das emancipações dos Municípios brasileiros, que também são feriados, mas nenhum dia é tão grande, nenhum dia é tão necessário para ser um feriado – por coincidência, caiu num domingo, o que foi muito bom – do que aquele em que se comemora a educação brasileira. Esse é um assunto muito importante para nós todos. Nós precisaríamos ter manifestação ontem na Avenida Paulista. Nós precisaríamos ter shows da virada em São Paulo, movimentando a cidade inteira, oferecendo esse movimento a uma reivindicação, a um despertamento necessário do que seja a educação para o Brasil.

Quando se fala em educação… Eu estou vendo, ali em cima, nas galerias, chegando umas crianças, uns adolescentes de alguma escola daqui do entorno de Brasília ou de Brasília. Quando eu falo em educação, eu falo dessas crianças e desses jovens, desses meninos que estão aí em cima. Eu falo de futuro. Eu falo de quem governará este País, de quem será pai neste País, de quem tocará o

E nós olhamos os artigos escritos pelos economistas, pelos administradores, pelos jornalistas de modo geral. Eles usam duas palavras sempre: o Brasil precisa de mais produtividade e precisa de inovação. Sempre, você pode abrir hoje qualquer jornal: há lá escrita a palavra produtividade, há lá escrita a palavra inovação, necessárias ao nosso País. Mas eu pergunto: como é que nós vamos desenvolver mais trabalhadores qualificados, mais trabalhadores com maior produtividade do trabalho, a criatividade dos jovens estudantes, a inovação, que me parece tão difícil? Como é fácil falar a palavra inovação e como é difícil operá-la na prática, no dia a dia.

Então, isso tudo vai surgir se nós dermos a virada da qualidade da educação: colocar nas escolas para essas crianças os laboratórios de ciências; colocar nas escolas para essas crianças os laboratórios da iniciação científica. São importantes as feiras escolares, que vão estimulando as crianças; as aulas de robótica nos laboratórios, para que os meninos consigam se entronizar nesse admirável mundo da ciência e da tecnologia.

E a gente fica observando os países que cresceram e prosperaram. Nós vimos aí, por exemplo, a virada da Polônia, a virada de outros países já citados aqui pelo Kajuru anteriormente a mim. E cada avanço no Pisa, que mede o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, cada avanço de 50 pontos, de 100 pontos significa 2 pontos na riqueza nacional. Sem educação, não há riqueza.

Nós temos visto, aqui no Brasil, nós todos aqui somos testemunhas do sucesso do agronegócio, do sucesso da soja, do milho, do algodão, do sucesso do boi, do leite para as exportações brasileiras. Isso não aconteceu por acaso, esse crescimento exponencial do Brasil na produção de grãos. Isso deu certo porque a Embrapa trabalhou. A Embrapa e a pesquisa brasileira foram a fundo nos estudos científicos, na análise do solo, no combate às pragas, na irrigação do solo. E com isso, aumentou substancialmente, nesses últimos 50 anos, a produtividade das lavouras brasileiras, inclusive no Cerrado, no Cerrado arenoso, no Cerrado de Brasília, de Tocantins, de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, e assim em outros Estados, como Mato Grosso, que é imbatível, Mato Grosso do Sul e o Estado de Goiás.

Isso tudo se deu por uma onda positiva, uma onda positiva de vontades. É o produtor rural querendo melhorar, é a Embrapa produzindo, é o Banco do Brasil financiando, enfim, os bancos próximos. Uma onda de compartilhamento que fez com que o Brasil prosperasse e fosse admirável na produção de grãos no mundo inteiro. E por que nós não fazemos a mesma coisa na educação? E por que essa onda não pode surgir na educação, tal qual foi feito no agronegócio? E por que nós não podemos contagiar o País para formar um mundo de conhecimento admirável, como é o conhecimento da terra, do solo, da produção?

Então, está faltando esse ponto, está faltando essa onda, essa energia, essa virada, essa coisa boa, necessária ao nosso País e por ele necessitada.

Então, eu chamo isso de ponto da virada. Está demorando demais. Já passei muitas décadas, nos anos 60, eu já fiz 18 anos, 20 anos, na década de 60 – veja bem, quantos anos atrás – e eu fui assistindo, eu já tinha consciência do negócio, e fui observando o andamento da carruagem brasileira. E fui assistindo às décadas perdidas sucessivamente. Todo mundo prometendo: “Vamos melhorar, vamos melhorar, vai crescer, a economia vai melhorar! Enfim, vamos melhorar a educação, a saúde e tudo o mais”, e é mais uma década que se perde; é mais uma dificuldade que o Brasil tem para frente.

Quando se perdem dez anos, quando se perdem 20 anos, quando se perdem 30 anos, fica muito difícil esse ponto de recuperação. É um prejuízo de tempo, é um prejuízo temporal, muito difícil de ser recuperado daqui para frente, mas ainda é hora. E o momento é agora, é este o momento – é este o momento. Não dá para ficar experimentando coisas; não dá para ficar sonhando com coisas não.

E eu faço um chamamento para os Prefeitos pequenos, médios e grandes do Brasil: não esperem muita coisa, não; não fiquem esperando ordens superiores para que vocês reajam por aí. Eu estive falando com o nosso Senador, querido Senador, ex-Governador Cid Gomes, lá, do Estado do Ceará, e eu posso estar errado aqui com algum número que ele me falou, e eu posso ter-me perdido. Ele me falou o seguinte: das 100 melhores escolas brasileiras, 70 estão no Ceará. Eu fiquei admirado! Virou uma romaria! Sobral – Sobral –, lá, no Estado do Ceará, hoje é uma romaria, como se fosse um festejo religioso. Todo mundo quer ir lá saber o que é que Sobral fez em 30 anos, 20 anos para ser o Município brasileiro mais e melhor referenciado deste País.

Ele fez, simplesmente, o que deve ser feito. Ele usou os mesmos recursos e, aí, em Sobral, hoje, todo mundo vai lá, os Prefeitos vão lá, os secretários vão lá para saberem o que é que Sobral fez. Ele fez o que deve ser feito por todo mundo, e foi um sucesso extraordinário.

O Senador Cristovam Buarque ficou aqui 16 anos – um pouco mais, um pouco menos. Eu ouvia muito o Cristovam falar. Ele falava o seguinte: o Brasil de hoje tem escola… E eu já vi escola, gente, de ensino médio, na área rural, dentro de um curral, um curral coberto. Um curral coberto, botaram umas tábuas, uns tocos, e os alunos, sentados, dentro de um curral, onde se ordenhavam as vacas. E há escolas excelentes, escolas fantásticas.

Quando a Marta Suplicy era Prefeita de São Paulo, eu fui lá – também estava iniciando na Prefeitura – conhecer os CEUs. Os CEUs, da Marta Suplicy, são os Centros Educacionais Unificados, de São Paulo, por sinal, uma obra grandiosa da administração dela, eu fui lá conhecer. E, aí, eu observava aqui, uma obra fantástica como aquelas obras que a Marta construiu em São Paulo. Vi outras escolas maravilhosas em Palmas e outras tantas lá, em Mato Grosso, mas há escolas de taipa, há escolas de paxiúba. Paxiúba é uma palmeira da Amazônia que os seringueiros usam para fazer as casinhas deles e também escolas de paxiúba, cobertas de palha.

E Cristovam falava aqui o seguinte: “Você vai ao Banco do Brasil. Você vai a uma agência do Banco do Brasil aqui na Câmara – está logo ali embaixo – ou vai à agência tal em Brasília, ou na Ceilândia, ou em Taguatinga, ou no Gama. Há lá uma agência do Banco do Brasil. Ela tem a mesma letra – Banco do Brasil –, tem o amarelo, tem a plaquinha com a cor e a marca do Banco do Brasil. E, se é grande, tem mais móveis, tem mais gente. Se é um Município pequeninho, tem uma agência pequeninha, mas tem a mesma cara, a mesma marca do Banco do Brasil. As escolas brasileiras deviam ter a mesma marca. Deviam ser escolas de Brasília: a escola de Taguatinga, por exemplo, uma escola grande, e uma escola de uma cidade pequeninha, uma escola menor, mas tem que ter a mesma cor, a mesma configuração, o mesmo mobiliário, o mesmo jeito da escola. E assim vai”. Essa é a tese de Cristovam Buarque, que ele defendeu, inúmeras vezes, em discursos aqui no Plenário da Câmara.

Muito bem. Mas, para essa onda acontecer, essa onda da virada, esse movimento para a melhoria da educação, precisa haver realmente discurso, precisa haver brado retumbante, precisa de o pastor da igreja, qualquer que seja ela, falar de educação, precisa do padre na missa, precisa dos líderes comunitários, precisa de todo mundo, no bate-papo, na rua, no dominó da praça, o aposentado falar de educação. É preciso falar de educação. É preciso criar essa necessidade histórica da virada da educação.

Então, eu quero aqui citar para V. Exas. entidades da sociedade civil que têm se empenhado bastante para a virada da educação brasileira: a Fundação Roberto Marinho; o Itaú Social; o Bradesco, com suas escolas; os movimentos sociais, como o MST, por exemplo – o MST tem esses modelos escolares interessantes; inclusive, um deles são as Escolas Família Agrícola, as EFAs, que são interessantes modelos de alternância educacional muito admitidos pelos movimentos sociais da terra –; o Instituto Ayrton Senna; a Fundação Lemann; o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação de Pernambuco; a Universidade de Juiz de Fora; o Movimento Brasil Competitivo; o Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), as olimpíadas de Matemática; o Sistema S (Sesi, Senai, Sebrae); as igrejas evangélicas, católicas e suas variáveis, que têm se dedicado muito à educação. Eu ressalto, exalto aqui a figura do Município de Sobral, lá no Estado do Ceará. Centenas de Municípios pequenos, pequeninhos – que não vou citar porque vou ser injusto, que variam do Rio Grande do Sul ao Estado do Piauí – como fantásticos Municípios exemplares. Parabéns ao Estado do Espírito Santo, que teve o maior desempenho na educação nessa última virada de Governadores, ao Estado do Ceará e ao Estado de Pernambuco. Rondônia fez a sua parte também. O Instituto Península, do Grupo Pão de Açúcar, da família Diniz, tem ajudado também. E, assim, há muita gente que não citei aqui neste momento que tem trabalhado do seu modo. Empresários também têm adotado, sido parceiros da educação brasileira.

A educação é a base de todas as demais reformas. Vocês podem fazer, Srs. Senadores, a reforma da previdência. Ela pode passar como está lá na Câmara, ser aprovada. Vai ser bom, mas ela sozinha não vai resolver. Você pode fazer a reforma tributária, mudar os impostos, reduzir impostos, fazer tudo. Ela sozinha não dará resultado para o Brasil.

Você pode fazer a reforma política. Ela sozinha não vai ajudar. Você pode desburocratizar o Brasil, mas se você não melhorar a educação, ela não tem base.

Nenhuma reforma tem base. Todas vão desmoronar. Elas vão afundar no lamaçal da ignorância. É necessário ter uma base de sustentação para as reformas, para o Brasil prosperar e essa base de sustentação para o Brasil crescer, prosperar em todos os sentidos se chama educação. O meu discurso hoje é uma homenagem aos professores, é uma homenagem aos gestores escolares, é uma homenagem ao povo brasileiro, é um chamamento, é uma provocação que eu faço ao povo brasileiro para sair de certa forma dessa indolência e dizer o seguinte: a educação está boa, há merenda; a educação está boa, há transporte escolar. No meu tempo não havia nada; agora há. Então está boa a educação? Não está boa. A gente precisa realmente de que os fundamentos, que são ensinar a criança a ler, a escrever, a entender, a alfabetização, se deem na idade certa.

Esta é a minha homenagem verdadeira ao Dia Internacional da Educação. Muito obrigado.

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