Por aqui, ainda tudo calmo. Depois da agitação. É sempre assim mesmo. O Senado, virado para o Lago Paranoá, por cima uma cúpula, que se emparelha o côncavo e o convexo. O Senado é o convexo, a bacia com a boca para baixo. Uma tampa que fecha por cima. Por baixo, guarda o calor dos bons pensamentos, das boas ideias. Pelo menos, deve ser assim, que Niemayer tenha imaginado, uma configuração divergente, entre as duas bacias sobre a Câmara e o Senado. E lá vai a vida andando, a vida anda de pé no chão, a vida anda sem ser vista, a vida anda de qualquer jeito. A vida desanda do mesmo jeito. O Senado ainda não se compôs sua diretoria inteira. Ao menos o Presidente já pronto. Ainda é fevereiro, tudo vem depois dele. O carnaval é o ponto de referência. Assim é quase tudo. Vem depois do carnaval. Vamos ver as reformas necessárias. De curto prazo. Vamos ver. Eu voto.
Aqui, no meu Gabinete, venho todos os dias. Vem gente me ver. Vem gente conversar. Vem gente sem avisar. Vem gente trazer currículo. Tem desemprego na praça. E muito. Vem gente entrevistar. Enquanto eu quero conversar coisas e planos, vem gente, sem me acrescentar. Assim, estão os meus primeiros dias, como senador juramentado, timbrado, escorregando nos túneis, olhando painéis. Velho é o meu partido, ainda teimoso, querendo ser o que sempre foi, pelo que vejo, assim será por algum tempo ainda. Embora, as coisas tenham mudado. Estou robotizado. Programado para fazer a mesma coisa, obsessivamente, a mesma coisa. A mesma coisa que é ampla, como uma árvore, galhos, folhas, flores – a educação, a pesquisa científica, a tecnologia. Ao apertar o meu botão, será bem fácil de me ver na tela, no tique taque do relógio, no tique taque dos cascos do cavalo, educação, educação, educação.
Foto externa: Agencia Senado