O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 38

O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 38

Eu mesmo consegui aprender muita coisa, neste ano de pandemia, que jamais pensaria em aprender. Como por exemplo, equilíbrio e desequilíbrio fiscais. Não me ocorria imaginar o que seriam “operações compromissadas”. Relação dívida pública e PIB.

E como essas coisas todas são sérias, penso que um governador, um presidente, um senador (que é o meu caso), deveria saber na ponta da língua. O povo não se interessa por isso. Nem poderia se interessar. Apenas padece das consequências dessas palavras e dessas ações, quando não são levadas a sério por especialistas que estão no governo.

O mais sentido de todas essas “expressologias”, e o que dói na carne e no osso, é o desemprego. Você nem imagina o que sente um pai de família ou uma mãe desempregados. Sem dinheiro no fim do mês. Pode ser pouco. Pode ser muito. Nem o muito e nem o pouco, mas o essencial. Você nem imagina o dolorimento da alma, do sentimento, misturados à ansiedade de ter contas a pagar, de ter a luz e a água cortadas. De ter os filhos chorando com fome. O desalento lá fora. O desespero aqui dentro.

O desemprego formal, ser fichado, ou, até mesmo, fazendo “bico”, tudo vale, quando se tem o trabalho e a renda. A pandemia veio para lascar mesmo. Ela veio para acachapar as estatísticas. Até a crença se deprime. Até a fé fica menor. Porque me falta o alento de vida. O trabalho.

E está aí, esse mês de outubro, batendo recorde extraordinário de desemprego, mais de 14% da população ativa procurando emprego. A informalidade campeia. O subemprego também. Quando tem, ainda bem. Gracias!!! Aqui perto de casa, vejo que a construção civil está salvando a pátria. Tem obras com homens pontuais, dia inteiro martelando, ferrando, dependurados nos andaimes.

O setor de serviços que emprega muito, ainda cambaleia. Aleluia! Clamo de joelhos pela vacina. Que venha logo, todas elas, pelo menos uma delas! Que venha logo para espantar esse vírus destruidor de esperanças, que tira o arroz com feijão do prato, que leva a família à perda da paciência, à desilusão.

Nada me interessa de nomenclatura! O emprego é que basta, o crédito para os informais, a vida ser vivida pelo menos com a comida básica no prato. A COVID-19 é a besta fera. É a nova praga do mundo. Vamos gente! Vamos fazer o dever de casa, puxar o poder de cada um para servir aos nossos irmãos desvalidos.

O desemprego humilha. Tira o bem precioso, que é o respeito e a dignidade do ser humano. Nesta hora, impõe-se a necessidade do líder verdadeiro. Grandioso.

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