Jairo era dentista prático, que tinha boa fama na cidade. Vinha de família de fazendeiros. Mas, que pegou vocação pelo ofício de dentista. Tinha excelente mão. Alem de extração de dentes podres, fazia a dentadura e a “ponte”. Consultório era na própria casa. Uma sala especial, com duas janelas em madeira de lei, de frente para rua, com duas partes que se encaixavam ao meio. Quando não tinha cliente ficavam abertas para arejar o ambiente, mantidas assim, com duas travas de madeira em X.
Dona Aurora, madrasta do Jairo, tinha muito cuidado com a sala, varria várias vezes por dia, passava pano, lavava as ferramentas, deixava tudo pronto. Se tinha ventania, chuva ela mesma cuidava de fechar as janelas. A sobrinha veio passar o dia com ela ocupada na cozinha, ela pediu para que abrissem as janelas do consultório. Maria não tinha o segredo de manter as partes das janelas abertas com as travas que ficavam atrás da porta. Pensou e pensou e teve a feliz idéia de pegar um cordão. A amarrou os dois lados, cruzou- pela janela ao lado e fixou com um nó cego na torneira do filtro de barro. De um lado e do outro. Fez bem feito. As janelas ficaram a abertas a plenos pulmões .
O tempo fechou. Trovões. Relâmpagos irados cortavam com fogo o céu cinzento. Aurora mais do que depressa, cheia de serviço puxou as janelas com força. E Vap! O filtro espatifou no chão, foi caco pra todo lado, em tempo de quebrar a perna dela. Maria ficou lá quietinha, nem sim e nem não. Aurora botou culpa em outra pessoa e tudo ficou misterioso que nem filme de Alfred Hitchcock.
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