Mestre Marcolino: o barqueiro

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A prática vale muito. Teoria é importante, mas a prática, repetida, com um toque de arte e o talento faz o mestre completo ao tempo que se aprende. O aprendizado pelas mãos.

Mestre Marcolino é construtor de “chatas” (embarcações de carga), canoas e barcos modelo Santarém, no município de Costa Marques.

Criou os filhos neste batido de preparação da madeira. A itaúba preta, estopa e breu para calafetação dos espaços. O projeto do barco ele tem pronto na cabeça. Basta o cliente dizer a capacidade desejada, em toneladas, que ele sem riscar papel, começa o serviço.

Vai entortando a madeira, esquentando as vigas, prensas artificiosas à beira do rio, sempre na beira do Guaporé. Vai colando. O projeto sai junto com a obra. Com as alavancas de suporte, ergue-se o barco. Este é um oficio divino, que a sabedoria dos ribeirinhos da Amazônia, naturalmente, incorpora a poucos deles, gloriosamente, o oficio e arte preciosa, que vem das necessidades e faz de um homem simples, um artista perfeito.

Mestre Marcolino envelheceu assim, entortando e desintortando a madeira, desobedecendo teorias, mesmo assim, dando garantias pelos serviços feitos.

Quem sabe? Começa de modo avesso, de trás pra frente, desfazendo, para dar certo, o que a mão lhe dita até a memória.