A história convida o mundo a vir a Roma. Não digo que o mundo inteiro venha a Roma, mas parece que vem. Hoje, o celular, centelha instantânea, registra mínimos detalhes. Vim ao Coliseu romano, suas ruínas, com o centro administrativo que o envolve. Esse acervo é relevante para se ver que o poder é fugaz. Um fugaz demorado que foi o Império Romano.
Difícil imaginar que há mais de 2000 anos tenha sido construído. Arquitetura dos modernos estádios de futebol. Aqui, mais profundidade, mistérios e mais dúvidas, sobre seu extraordinário tamanho. Sua arte, solenidade, astúcia, beleza cênica e estrutural. Época, tão remota, quando não se poderia imaginar. O que diria o toque da corneta, ao anunciar o espetáculo? Cristãos sendo comidos por leões ou gladiadores lutando até a morte de um deles.
E tudo era festa. Era circo, que encantava o povo de Roma. Uma obra fascinante, extraordinária e que não pode escapar de constantes reparos, porque o tempo é impiedoso até mesmo com as pedras.
Por ali fiquei absorto por mais de uma hora. Ora tocando numa pedra fria, encostado numa imensa coluna de sustentação, ora mirando os detalhes desse valoroso monumento. Ali, tudo se justifica e é exato: – os arcos, plataformas, quartos escuros para prisioneiros, entradas e saídas para os bichos famintos. Eu me vi presente, neste espetáculo, voando ao passado.
O império romano fascina o homem de hoje e de todos os tempos. A glória da dominação interminável. Ascensão e queda de imperadores, em efeito dominó, intercalavam-se com homens sérios e austeros, e outros irresponsáveis e loquazes.
Por isso, Roma pode ser considerada, se assim se puder dizer, a cidade do amor ao contrário, do gosto ao contrário, do poder longevo, de pão, circo, sangue, ranger de dentes, por séculos seguidos.
Aqui, em seus símbolos, o homem foi ao encontro da sua imaginação mais alta e mais crítica, antecipando sonhos e crises. E no meio de tudo, em cada período, foi escrevendo sua história com guerras e engenhos, com monumentos de exaltação ao poder, e com organização de governo, como proteção ao dificultoso poder terreno.
(Julho de 2019)
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