Ela me disse, nada contra a vala comum.
Como nas guerras: as trincheiras, a câmara de gás, o paredão comunista, o fuzilamento de centenas nos estádios (em muitos países). O certo é que foge do convencional, do enterro assistido e chorado, agora, tudo está ficando diferente.
Sem o velório parece que a morte não tem graça. Porque é ali, tal qual quando se nasce, a morte também tem o seu ritual. E o luto distante, quase desassistido, parece mais triste, até mesmo mais abandonado. E ficará este vazio, ausência da comunhão derradeira.
Vocês viram no Equador, corpos apodrecendo nas ruas, os urubus descendo, furando a bicadas os cadáveres, os parentes enterrando os seus do jeito que podem e nos lugares possíveis. Como os bichos na natureza, morrem e se expõem, os corpos comidos, aproveitados, o corona trouxe a crise dos serviços funerários em muitos lugares.
Melhor faz a Índia, onde seus mortos são incinerados, seja quem for, troncos cruzados, o fogo, as cinzas jogadas nos rios. O ritual da morte pode mudar, como já está mudando e o luto também. Os doentes “sumidos” nas UTIs, sem direito a visitas de parentes e vão se distanciando nesta realidade, quase que imutável, por assim dizer.
A vala comum é também solidária. O endereço da morte não é confiável, nem se sabe onde colocar a homenagem, a cruz, a placa, nem em qual parte podem ser deixadas as flores. No Dia de Finados a reza será para todos.
Foi assim com os mortos nas guerras, deixados para trás, entregues à natureza, por causa fútil, injustificados por batalhas inúteis, vaidades por mais poder. A vala comum de agora é outra, justamente pela ausência de poderes, e a situação caminhando do jeito dela própria, sem leis que regulem, e as coisas trilhando o rumo das plantas, dos bichos e dos seus heróis.
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