Aldo Rebelo defende retomada da mineração e critica normas que travam o desenvolvimento em Rondônia

Aldo Rebelo defende retomada da mineração e critica normas que travam o desenvolvimento em Rondônia

Em palestra no seminário Pensar Brasil, promovido pela Fundação Ulysses Guimarães na sexta-feira (4), o ex-ministro Aldo Rebelo defendeu a revogação de normas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas que, segundo ele, dificultam a atividade de mineração em Rondônia. O ex-presidente da Câmara dos Deputados também criticou o que considera criminalização de migrantes que chegam ao estado para trabalhar e produzir.

Aldo Rebelo, que já comandou pastas como Defesa, Ciência e Tecnologia e Esporte, elogiou a coragem dos “soldados da borracha” — nordestinos trazidos de Fortaleza no século passado — que, segundo ele, enfrentaram condições extremas para contribuir com a produção nacional.

“Falta equilíbrio e prudência ao governo e aos legisladores nesse debate. Rondônia tem um futuro promissor nos setores hidroviário e rodoviário, e as gerações de hoje vão olhar para trás e reconhecer a coragem de seus pais e avós”, declarou.

Ele recordou que, durante a Segunda Guerra Mundial, 55 mil trabalhadores foram recrutados para a extração de borracha, dos quais 25 mil morreram na floresta. “Foram heróis de guerra, e hoje roubam o entusiasmo e a esperança do nosso povo. O Brasil não pode perder isso”, destacou.

Rebelo disse que o projeto do MDB, no qual colabora, tem três pilares:

  1. Retomar o desenvolvimento;
  2. Manter o regime democrático;
  3. Revogar normas que, em suas palavras, induzem à “perda das rédeas do bom senso”.

O ex-ministro citou a tragédia ocorrida em abril de 2004 na reserva Roosevelt, quando garimpeiros foram mortos em um conflito por diamantes, como exemplo da má gestão de recursos minerais. “Ali estão alguns dos maiores quimberlitos do mundo, mas os próprios indígenas são impedidos de explorar e receber pela produção. Deixem os Cinta-Larga trabalharem”, apelou.

Natural de Alagoas e com familiares em Buritis (RO), Rebelo lembrou sua atuação como relator do atual Código Florestal, quando contou com apoio do ex-deputado federal Anselmo de Jesus (PT).

Críticas às ONGs estrangeiras

Aldo Rebelo também voltou a criticar organizações não-governamentais estrangeiras, que, segundo ele, agem para frear projetos de desenvolvimento no Brasil. “Jirau e Santo Antônio foram verdadeiros milagres”, disse, referindo-se às hidrelétricas no rio Madeira.

Ele lamentou a falta de informação precisa sobre a Amazônia no sul e sudeste do país. “Parece que somos tutelados pela arrogância dessas ONGs. Em São Paulo ninguém quer saber o que acontece aqui, quando até o petróleo da costa do Amapá vai parar naquele estado”, reclamou.

Para Rebelo, restrições excessivas à exploração de recursos naturais estariam travando projetos que poderiam irrigar cerca de 100 mil hectares no país. Ele elogiou Rondônia por estar estrategicamente mais próxima da Ásia, sendo, em suas palavras, “a bananeira que ainda tem cacho”.

Potencial de integração

O ex-ministro contou ter visitado recentemente o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em Brasília e destacou que Rondônia integra o grupo de estados considerados “integradores, por onde passa o futuro”.

“São Paulo exportou apenas 5%, enquanto Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará passaram de 100%, e Rondônia ultrapassou 200%”, exemplificou, reforçando o potencial produtivo da região.

Rebelo comparou a ocupação econômica e demográfica dos Estados Unidos com o que ainda falta ser feito na Amazônia e no Centro-Oeste. Ele relembrou, por fim, discussões antigas sobre reservas garimpeiras enquanto presidia a Câmara: “Essa gente carrega a riqueza nas costas, adoecendo, e merece condições melhores. A integração amazônica não surgiu do nada; foi resultado de muito sacrifício, inclusive de vidas perdidas para a malária e outras doenças.”

Deixe seu comentário

Your email address will not be published.