Segundo o senador, o desenvolvimento do Brasil não passa por extremismos de um lado ou de outro e sim por ações assertivas, responsáveis e contínuas
O senador Confúcio Moura (MDB-RO) subiu à Tribuna do Senado Federal hoje, 05, para chamar a atenção ao bom senso e apelou para o fim do histrionismo ideológico muito em voga no país nos últimos anos. Tido como conciliador e equilibrado, Confúcio Moura, pediu que os agentes públicos tenham serenidade e, sobretudo, respeitem quem pensa diferente.
“O Brasil precisa mesmo é de juízo. A gente precisa amadurecer bastante. Quem é de direita é de direita, quem é de esquerda é de esquerda, quem é de centro é de centro. Eu sou do MDB. Meu partido é de centro. Nós temos propostas claras. Nós não somos extremistas; nós queremos é fazer o que deve ser feito no dia a dia para o Brasil melhorar. Então, nós não queremos conflitos, não aceitamos o negacionismo, não queremos movimento que leve um brasileiro ferir outro brasileiro”, afirmou, enfático.
Para o senador rondoniense, a dicotomia entre esquerda e direita sempre existiu e sempre existirá, e às teses de um lado será contrária ao outro. “E é bom que seja assim, é o processo dialético que produz desenvolvimento. Mas é necessário haver respeito. A minha conduta aqui dentro desta Casa tem sido a de maior cordialidade com todos os grupos. Cumprimento todos, não tenho inimigos e respeito todos pelos seus posicionamentos. O MDB hoje se coloca numa posição privilegiada de ser um partido de centro. Nós não podemos viver em conflitos permanentes. Nós precisamos chamar o Brasil para a sua necessidade”, apelou Confúcio Moura.
O parlamentar disse que a reforma tributária, iniciada ali na Câmara, é uma das grandes necessidades do país, talvez a maior junto com a questão ambiental. “Eu fui Deputado na década de 90, e naquele a gente já falava em reforma tributária, a gente já reclamava da reforma tributária. As confederações, pedem reforma tributária. Os exportadores, os fazendeiros, os produtores de soja, todo mundo quer a reforma tributária. Os importadores também querem reforma tributária. Todos querem um Brasil mais fácil de trabalhar, um Brasil que caminhe para o progresso sem que um grupo extermine outro grupo. Então, não vamos fazer da votação da reforma tributária mais um cabo de guerra entre os extremos”, pediu o senador.
Confúcio Moura atribui à educação papel central no processo civilizatório brasileiro e credita à sua fragilidade os momentos de acirramento político e social vividos recentemente. “E o fundamento do que eu desejo aqui, como sempre tenho falado, é o óbvio ululante: a educação de qualidade. Ainda bem que o ministro Camilo Santana, com a sua equipe do MEC, despertou e colocou a educação, a alfabetização e a educação básica como prioridade do seu ministério. Isto é fundamental e é muito importante”, elogiou o senador.
No entanto, para Confúcio Moura, existe um gargalo que precisa ser resolvido imediatamente. O fato de a maior parte da Floresta Amazônica está em território brasileiro, dá ao país um protagonismo que muitos outros países gostariam. Mas, parece haver um dilema cultural na elite política que persiste há muitos anos. “Ou seremos protagonistas, ou seremos coadjuvantes. Os dois não dá. Precisamos reconhecer que o nosso maior patrimônio é o patrimônio ambiental. Nós podemos ser uma referência internacional ambiental. A Costa Rica, no ano de 1948, fez um plebiscito, há 75 anos, para ser um país da paz, um país ambiental e um país da educação. Então, ele tem focado nisso. Lá não existe Exército, Marinha e Aeronáutica. Lá existe uma polícia federal, que controla tudo, é a questão ambiental que subordina todas as outras. E, na questão ambiental, a Costa Rica é um exemplo para o mundo”, informou Confúcio Moura.
Se assumir o protagonismo na questão ambiental, o Brasil dá um passo enorme para superar outro gargalo que é fruto da dubiedade que o país mantém sobre ser ou não ser protagonista no tema meio ambiente: o drama da fragilidade fundiária existente no país, em maior dimensão na região amazônica. “Talvez seja Rondônia um dos Estados brasileiros que tenha a agricultura familiar mais desenvolvida. É o Estado da reforma agrária, ele foi feito em cima dos assentamentos. Todas as cidades rondonienses nasceram dos assentamentos rurais. Logicamente, hoje em dia, mudou a fisionomia do Estado, mas a origem de Rondônia foi sempre a agricultura familiar. E nós precisamos avançar nas políticas de regularização das terras. Na Amazônia há uma balbúrdia fundiária. Ninguém entende o imbróglio fundiário que têm os estados amazônicos. Nós precisamos encarar de frente, com outras alternativas. Esse deve ser o grande objetivo nosso”, sugeriu o o parlamentar.
Alysson Paolinelli
Confúcio Moura citou o ex-ministro da agricultura, falecido recentemente, Alysson Paolinelli, como o grande responsável pelo avanço da agricultura, em especial na região do cerrado. “Quando eu saí do Tocantins, aquelas terras eram terras ermas, buritizais, capinzais, mato e bichos. Era um estado diferente. Ninguém imaginava que um dia teriam fazendas de gado, teria milho, soja, algodão, que teriam riquezas no Centro-Oeste brasileiro. O IBGE acabou de lançar o Censo e mostrou que o Centro-Oeste brasileiro é realmente onde as cidades e os estados mais cresceram demograficamente, devido à sua atratividade por empregos e pelas oportunidades que oferecem”, lembrou Confúcio Moura.
Embrapa na Amazônia
O senador finalizou pedindo a instalação de uma espécie de Embrapa na Amazônia, com outro nome e outro foco, que dessa conta de potencializar as riquezas que, todos sabem, é possível obter com a floresta em pé. “A Embrapa terá, na Amazônia, outro nome: será o Centro de Biotecnologia da Amazônia. E aí, sim, nós poderemos entender, pesquisar, levar gente de São Paulo e de todos os estados brasileiros, pesquisadores de todos os estados brasileiros para identificar a riqueza que existe naquela floresta. É um patrimônio inestimável. Nós não sabemos calcular qual é o valor econômico da floresta em pé, só sei dizer para vocês que é um patrimônio inestimável”, concluiu o senador.
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