O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 35

O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 35

As escolas fechadas. E já estamos em novembro. Vejam bem, as duas tragédias, o corona e a escola fechada. Nos países ricos, em muitos deles, os alunos já voltaram. Não do mesmo jeito de antes da pandemia, mas, protocolares, seguindo um rito diferente, criança temerosa, mais calada, mais isolada, sem exercerem suas meninices – a doce infância.

Gritar, correr, brincar, cair, levantar e ficar nos pátios inventando coisas, puxando conversas que as idades estabelecem. Aqui, no Brasil, só Manaus abriu escola pública.  E os meninos ficam do mesmo jeito, contando suas perdas – ou pai, ou mãe ou avó ou avô ou tio, que se foram, derrubados pelos coronavírus.

Portanto, vão demorar muito a voltarem a ser meninos de novo. Porque muitos deles estão psicologicamente abalados. Poderemos voltar às aulas, claro que poderemos, porque de uma forma ou de outra, crianças e jovens estão nas ruas, indo e vindo, expostos aos riscos. As nossas escolas vão demorar alguns anos e se tivermos propósitos firmes, para que elas voltem a ser, em geral, ruins como sempre foram. Para ser melhores, terão que se reinventar.

É o que espero, que se reinventem.  Como uma cidade destruída, depois de uma onda gigante, uma ventania bem forte (ciclone) ou qualquer desastre natural. Como se diz, o homem sempre se une depois do infortúnio. E tem a capacidade sagrada da reconstrução.

E a escola nossa está nestas condições.

O ano 2019 foi perdido para os alunos, arranharam aulas a distância, quase sempre no improviso, mas, menos mal, os professores foram criando, aprendendo, tentando fazer o que poderiam fazer de melhor, infelizmente, o prejuízo será incalculável, porque pouca gente, especializada,  arriscou calcular o prejuízo humano e econômico para o Brasil, com escolas fechadas.

Quantos alunos não voltarão mais às aulas?

Perderam o interesse. Estão com medo do retorno. Os pais segurando os meninos em casa. O prejuízo é geracional. É civilizatório. Incalculável. Mas, teremos que voltar. Pior já tivemos em algumas fases da nossa história, com apagões educacionais, ainda mais o Brasil, que já se acostumou a ser um dos últimos países do mundo em qualidade educacional.

Por fim, temos a esperança desta pátria varonil, por intermédio dos novos prefeitos, que em breve serão eleitos, tomarem as rédeas da educação com firmeza e convicção, porque ela é a única reforma essencial para o país. Com a boa educação virão outras reformas, outros ajustes, para que saiamos desta mediocridade inaceitável.

Somos grandes artistas circenses para rolar a bola com a barriga. Repito: a educação é salvadora.

 

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