O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 28

O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 28

A menina Greta Thunberg só pode ser o renascimento de uma luz humana. Adolescente frágil, pegou a causa climática pelos cabelos, puxou-os para si. Rosto de criança, diante do parlamento sueco, ficava ali, com cartazes desafiadores. A líder nascia pelas suas próprias mãos, como surgem os poetas, os insurgentes e os artistas. Ela se fez do seu próprio barro.

E líder é assim mesmo, cria seguidores e padece com sua fama. Os anos foram seguindo, trouxe para si, mesmo sem perceber, a admiração progressiva da imprensa. Foi invadindo o mundo aquele corpo frágil, rosto sereno, sem sorrir, como a sua causa espera. E o aquecimento global foi se transformando em mantra. E tudo que está por baixo do guarda-chuva, do que venha a ser – desenvolvimento sustentável.

Jovens despertaram no mundo inteiro. Foram se chegando à causa. Nesta pandemia, ano de 2020, como um furacão bravio, os temas ambientais, todos, diversos, encaixaram-se nas páginas dos jornais, revistas, na Internet, plataformas digitais. Diariamente. Entraram sob a diversidade de “lives”, debates, blogs, palestras, manifestações. Nunca antes o tema ambiental (climático) foi decantado em prosa e verso. Heureca!!!!

Banqueiros convertidos, agora, lançam fundos verdes. Serviços ambientais sendo reconhecidos. Bioeconomia da floresta como novo ativo financeiro. A reciclagem do lixo para não encherem caçambas. Menos emissões de gases de efeito estufa. Boicote comercial à criação de gado e plantios em áreas preservadas. Respeito aos povos tradicionais, para que possam ter renda digna. E merecedores de reconhecimento mundial para nos ensinarem a viver preservando a natureza.

É o homem dando voltas em torno de si mesmo. Chegando longe e retornando atrás. Um pé no conforto das megalópoles e outro nos biomas, nos mares, na atmosfera. O uivo cortante nas energias vindo dos fósseis. A exaltação necessária do etanol, dos ventos, do sol, da biomassa.

Os jovens assumiram o protagonismo ambiental. Vieram atrás os ricos, empresários de todas as áreas, mostrando, claramente, que produzir com respeito ambiental é mais rendoso. E o mundo das exportações irá se fechar para todos aqueles que teimarem em não seguir os ritos do novo tempo. A pandemia é um novo farol que, a partir dela, o clarão das evidências, orienta a todos os desgovernados.

Sustentável é tudo que se sustenta, que se retroalimenta. Que se rastreia, que se certifica. Que tem origem produtiva. E que seja respeitoso à natureza. Antes, ambientalistas eram tachados de chatos, antidesenvolvimentistas, xiitas bárbaros. Hoje, são os nossos meninos e meninas empunhando a nova luz da salvação.

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