(autoria do poeta português Antônio Gedeão) – lindíssimo.
minha aldeia é todo mundo.
todo mundo me pertence.
aqui me encontro e confundo
com gente de todo mundo
que a todo o mundo pertence.
bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Angulo novo, nova ideia
outros graus, outras razões
que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.
os homens da minha aldeia
divergem por natureza
o mesmo sonho os separa
a mesma fria certeza
os afasta e desampara
rumorejando seara
onde se odeia em beleza.
os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados no chão
nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão
valência de fora e de dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia
longas raízes que emergem
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.