É história da vida real. E aconteceu comigo mesmo. O Governador Tião Viana me fez o convite, para irmos, Governadores do Norte a EXPO MILÃO 2015. Lá fui eu, sozinho, sem falar inglês, nem francês, nem espanhol e muito menos italiano. O enorme aeroporto de Paris é de fazer medo. Ali parei para escala. Tem até um metrôzinho que corre por dentro dele, levando gente de um bloco a outro.
Aí começou o meu martírio, entraria ou não entraria no metrô. Entrar seria fácil e descer é que seria bravo. Pois é, fiquei olhando o movimento dos passageiros e todos entraram. Claro que eu também entrei. E fui. Parada A, B, C,…..até G. Onde eu desceria, meu Divino Pai Eterno? Procurei voz de brasileiro, que geralmente é tagarela e nada. Fiquei olhando. Pensei comigo, vou sair, onde descer mais gente. É o que fiz. E fui seguindo a multidão. Perguntar pra quem? Se não arranho nenhuma palavra destes idiomas, muito menos do francês, que segundo fiquei sabendo, odeia prestar informações. E fui andando. Puxando uma maleta de rodinha, Um envelopão plastificado com uma muda de roupa. E o aeroporto parece uma cidade.
Felizmente, vi um ponto de informações. Cinco moças sentadas, fixei o olhar numa delas e perguntei: você fala português? ela me respondeu: sou portuguesa. Gracias, gracias, gracias. Ah! que alívio. Ela me encaminhou para o Bloco E. Subi, rodei e rodei, não achei nada. Voltei nela. Mostrei de novo o cartão de embarque, ela viu a besteira que havia me feito e mostrou, é do outro lado, no Bloco F. Entre um bloco e outro tem um movimento infernal de onibus, taxis, estacionamento, cancelas de controles. Aí eu fiquei abismado com minha dificuldade. Fiquei olhando e vi alguns camaradas arriscando a passagem por ali. Pensei comigo, só podem ser refugiados sírios. Se eu acompanhar, vou levar pau da Polícia logo aí à frente. Sem alternativa, avancei pela beirada de um paredão e atravessei me arriscando a vida, e graças a Deus, apegado que sou a São José, fui abençoado. Cheguei por fim ao Bloco F.
Chegar é uma coisa. Agora, bom mesmo é saber qual seria o portão de embarque. E o bloco também era um inferno de loja de “free shop”, quiosques, livrarias e um mundo de caixas eletrônicos para vender bebidas. Fui para um lado e para o outro, subi uma escadaria, como os sertanejos fugindo da seca, puxando a cachorrinha. Achei a sala de embarque, um casos de indiano, que só falava inglês e francês. O rapaz me respondeu “le porte 51” e falou ligeiro e eu não entendi nada. Peguei a caneta e pedi pra ele escrever o número na palma da minha mão. Ótimo: 51. Não sei quanto tempo gastei na viagem, entre 10 e 12 horas. O fuso horário de Rondônia é de 6 horas a menos. Saí do Rio de Janeiro às 18 horas e cheguei ao aeroporto de Paris às 7 horas, rodei e rodei e Rondônia ainda era 1 hora da manhã. Que diabo é isto, foram 11 horas que na verdade são apenas 5, porque as outras o gato comeu. A passagem pelo aeroporto de Paris seria uma simples conexão de 6 horas. Eu fiquei ali. Rodando, olhando.
Achei um banco de cheio de velhos. Falei – aqui vou esperar também e me encostei. Mas, como o tempo seria longo, eu precisava comer este tempo andando de um lado para outro e como os corredores eram infinitos, seria bem legal pra mim, gastar algumas calorias zanzando pra lá e pra cá. Comprei lago duas garrafas de água e fui tomando e indo pro banheiro. Eu tinha que fazer alguma coisa. Peguei uns jornais só pra olhar as fotos. Nada mais. Peguei meus livros e comecei a ler. O sono pesava a cabeça. As letras de vez em quando sumiam. E me dava uma chicotada no pescoço. O embarque seria 15 horas para Milão. Os altofalantes sempre avisando, eu nem ligava, mas, também pra quê? Se não entendia bulufas de nada. Chegou 12 horas, pensei, agora é hora de almoçar, e olhei o meu relógio de Rondônia – marcava 6 horas da manhã. Uai! Como é que vou almoçar as 6 horas da manhã. Como vinha seguindo a maioria, fui numa prateleira, de pratos embalados, escolhi uma salada com atum e latinha de suco de pêssego. Tudo cheio. Comi em pé e larguei a bagagem protegido pelos velhos que me aproximei deles. Velho, pelo menos, teóricamente, não roubam. Confiei nisto. E só me falta esta, retornar e não achar nada no lugar. Enfim, deu tudo certo.
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