SAMUEL (Poesia)

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SAMUEL (Poesia)

22 de agosto de 2006
(Confucio Moura)

Os mortos estão de pé. A água sobe e afoga-os. Com braços esquálidos e abertos gritam:

Help! Help! Help!

– Ninguém os entende.

Água escura e imóvel sangra-os com a fina lâmina. Agora, as formas são nítidas e opacas.

Não se vê alegria.

A serenidade da desolação. Nenhum clamor a não ser da ave que passa veloz e deixa o grito.

No mais é o silêncio frio e submerso.

É o Lago de Samuel.

Que noutro tempo foi o lépido Rio Jamari.  A água está retida e guarda imensa força.  Não é mais um amante esplêndido.

Cada dia árvores e troncos mortos abrem os seus braços em frangalhos. Galhos secos. Cansados de pedir clemência aos céus. As águas aparentemente mansas guardam os ódios do tempo.

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