Sumiu de vez o nome do remédio, de tanto que o uso, sumiu o nome, não será uma premonição que não preciso mais dele? ou seu nome, ainda, não encontrou espaço no meu arquivo de morto? Mas, por fim, deixei de lado, dei um tempo e fui subir escadas. subir escadas é ótima oração e penitência, porque termina sendo uma cruz. Subir escada é subir o meu calvário.
Sentei-me lá fora, cinco horas da manhã, corriam no céu nuvens cinzentas, com mechas brancas, rodeavam em torno de si, como um remanso de rio, deu pra ver de onde Van Gogh se inspirou em suas telas. Vinha do rio um vento frio, que tinha um prazer singelo de um verso soprado.
Deixar o pensamento estirar, soltá-lo como se solta uma pipa no céu e ficar apenas puxando a linha, dando baques nela, enquanto a pipa se mexe, empina e desce. Faz parte de tudo, ficar a assim, tolo, só olhando as coisas, imaginando a grandeza e o jogo da pequenez, bem perto, quando se toca, tudo é tão diferente, que se espanta, de longe, nem se sabe como tudo é muito mais belo.
O meu amigo, me mandou um zap agorinha mesmo, de longe, Rio Grande do Norte, está por lá, por obrigação, mas, queria estar por aqui. É ruim viver assim, estar e não gostar, forçoso e infeliz.
Puxei no Youtube e fui me encontrar com Noel Rosa. Eu o vi tão de perto, cantando o seu sentimento de oitenta anos atrás, mas, tão hoje, tão agora, que parece que Noel está bem vivo. É por isto, que teimo sempre em dizer, que ninguém morre, a gente, apenas, engrandece.
Juro de pé junto, até gostaria de falar de política, mas hoje, não. Nada de economia, nem filosofia, hoje, só quero mesmo, o devaneio de viver. Viver as coisas vistas, fáceis, lindas, descomplicadas. É tão bom ver coisas descomplicadas.
Deixe seu comentário