Pérola Negra
Em negrito, algumas estrofes do samba-enredo. Uma aula de arte, história, geografia, não faltou matemática, nem gramática, não faltou poesia. Foi assim, que neste sábado fiquei ligado ao carnaval de São Paulo, vidrado na tela da TV e uma aula bem diferente. No carnaval se aprende, muito do que não se vê numa sala comum com o professor. Nunca vi numa escola aula de harmonia.
Nem de mestre sala, nem de bateria. Nem de cores, nem de regras, nem do tempo, nem do compasso dos pés, da ginga do corpo e da alegria. Eu vi a cultura ali, na tela TV e no sorriso da galera dos blocos. Eu aprendi mais de Vila Madalena do que de São Paulo inteira. Eu vi a Vila Madalena muito mais do que Bela Vista, Moema e Bexiga. As águas dançantes, no azul suave do balé, o balé no samba, aqui ficou homogêneo, tangará dançarino, o balanço do esqueleto, ala marrom dos cisal, os tropeiros do Brasil inteiro, Angola, (a imagem abaixo é de Carmen Mouro, angolana que desfilou na escola, lindíssima).
A dança afro, o santo lar da boemia, tudo é muito longo, muito longe, bem distante, o tempo tem sacrifício e o momento é certo, vale o momento, só ele. Bem, que se poderia colocar numa sala de aula, um vídeo de uma escola de samba e cada aula fosse um dever de casa, para que o aluno aprendesse de vida e de costumes e quem sabe fosse muito além da fantasia.
“É na ginga da dança… que eu vou/Solta o corpo e balança… amor/Vem ver como é que é, samba na ponta do pé/Pérola Negra vem nos passos do balé“. “É carnaval, a minha vila contagia/A joia rara te convida pra dançar/O som da mata ecoou em sinfonia/A revoada cortando o ar“. “Das águas, o bailar da sutileza/Celebrando a natureza/O índio cantou e dançou a noite inteira/Da fé rituais em louvor, ôô“. “E sanfoneiro puxa o fole bem ligeiro/Pra folia começar/Bate zabumba e pandeiro/Tem quadrilha no arraiá“.
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