Capítulo 3 –
A Fazenda Pau D’Óleo é um retrato em preto e branco do nosso Brasil. A coisa feita sem planejamento. No impulso de um, não seguido por outro, recuperada lá na frente, perdida de novo, um retrato aqui, outro acolá, todo mundo gosta, todo mundo acha bonito. Belos campos de capim rasteiro e nativo, nos períodos secos. Alagadiços no período chuvoso.
Águas presas que guardam peixes e muitos jacarés. O Rio Branco sai do seu leito e invade a planície. O Rio Guaporé também ajuda. Quem quiser campear búfalo no período das águas, tem que ser de barco.
O búfalo é inteligente, falta comida num lugar, ele vai pra outro. Atravessa a nado o Rio Guaporé, ocupa o Beni. Ele não obedece a lei. Não tem cerca de arame com dez fios e posteamento de aroeira de dois em dois metros, ou cabeamento de aço.
O bicho ficou selvagem, o macho acasala com a fêmea. E vai nascendo bezerros. Tem muita onça e muito mais jacarés. Entra governo e sai governo, tudo ali vem a reboque, ruínas do que foi, coisa nova que se fez, já se deixou de lado. Sem gente no lugar, sem equipes de vaqueiros, sem tropa e sem arreios. Os cavalos morreram. Os que sobreviveram nunca foram adestrados.
Hoje, alem de búfalos selvagens, tem também cavalos selvagens. Brasil inzoneiro. Búfalo do Marajó. E agora, ninguém sabe, por onda andará.
Deixe seu comentário