Passou e não passou

Passou e não passou

A campanha passou. A eleição aconteceu. Todo mundo correu muito, perto e longe, outros nem tanto, mas, a eleição aconteceu, como sempre tem acontecido e fica agora, aquela esperança de Copa do Mundo, o Brasil vai ganhar. E é justamente, agora, que o jogo vai começar.

Para Presidente, como nunca, sobraram dois candidatos, cada um com sua flecha mostrando numa direção e sentido, diametralmente oposta. E nós vamos seguir uma flecha, só tem que a flecha terá que tomar decisões, fazer o arroz com feijão de que o país necessita, para ajustar-se e pegar fisionomia, de verdade, de um país  grande e varonil.

E por aqui, por lá, Brasil inteiro, o que se viu foi o desejo efetivado  de mudança, como se o cheiro da política tivesse enjoado o povo, exaurido o sentido do olfato, fatigado as pupilas, e uma onda silenciosa propagou-se, a comunicação sem zap e sem face, a comunicação intramuros, silenciosa, não dita, não conhecida, parece até que o pensamento passa de um para o outro, e dá esta bolha política, que pesquisa nenhuma, em grande parte, não pega e nem percebe. Mas, ela existe.

Mas, o jogo vai começar mesmo ano que vem. E todo mundo vai chegar lá e encontrar o rito pronto, o regimento, pode e não pode, e não se pode sair do ritual, termina que o burburinho deve continuar quase sempre o mesmo, aqueles tempinhos curtos, o corre-corre e o tempo passando, como sempre, passando. E não há segredo nenhum para o Brasil. Todo mundo sabe o que deve ser feito. Vocês viram  na Globo o povo falado no vídeo amador “Que Brasil que eu quero”, todo mundo ouviu o recado.

Agora, Excelência é rever os principais vídeos e começar a “praticar” um novo exercício, um novo rito, um novo regimento – que é o de fazer diferente. E eu estou aqui, com meus botões, pensando, rabiscando, o meu rumo, o meu plano de trabalho, para não ser engolido pela rotina, pelo marasmo, pelo diabo dos usos e costumes, e creio que poderei ser mais desobediente e praticar um mandato, eu quero praticar um mandato, com um pé no problema e o outro na solução. E criar um bloco de senadores insurgentes, corajosos e que não fique preocupado com os avaliadores de grupos de interesses, corporações – e sim, fazer o Brasil molejar, como se tivesse montado num cavalo mecânico, que pula enviesado, em todos os sentidos, e eu terei que me segurar ali, e o povo gritando -“segura peão!”.

Por fim, agradecer a todos, sem dizer nomes, mas, agradecer a todos os abraços, cordialidades, ajudas, foi muito bom disputar a minha décima campanha.