Em todo lugar tem aquelas figuras inesquecíveis, que são marcantes pelo jeito de ser. Outras pelas naturais extravagâncias. Em Ariquemes teve muitos, mas, hoje, vou me fixar em dois deles: o “MEIA NOITE” e o “PARAFUSO”. Os dois moravam perto um do outro, área rural. Parafuso na beira da BR 364, pertinho do Paca-Assada e o Meia Noite no Assentamento Maria José Rinque. (esta foto não é do meia noite, mas, é parecido)
Parafuso mais antigo na região, sempre quis ajudar em tudo, aquele homem que tem o coração maior do que o corpo, sempre assim e pegou o apelido, porque tudo que ele falava, ao final respondia “que parafuso!”. De tanto falar parafuso, terminou pegando o apelido até a sua morte. Ele virou ponto de referência, até para as paradas do ônibus. O motorista do pinga-pinga sempre ouvia: – você pare ali perto do “Parafuso”. E ele era gente boa, tinha vida organizada, mesmo na roça, plantava café, cacau, tinha gado de leite e se mantinha com dignidade. Um homem servidor, doou terra para a Escola Mafalda Rodrigues, dentro do seu sítio que está lá até hoje. Terminou que ele adorava ser chamado pelo apelido.
O “Meia Noite” de pequena estatura, gabiruzinho, barbudo e que sempre vivia às turras com vereadores e prefeitos de Ariquemes, para arrumar estradas, sementes, comprar cachos de banana, sua produção de mandioca, o caminhão para o transporte, a energia elétrica na porta. O homem dava um trabalho danado. Mas, o bendito “Meia Noite” de tanto insistir e lutar por suas causas, do assentamento, terminou que conseguiu quase tudo.
Dias atrás passei por ele na beira da estrada, fios brancos na barba, rugas precoces pela exposição constante ao sol, mas, do mesmo jeito. Basta ver qualquer um, sempre tem um assunto pronto, na ponta da língua e com argumentos. Com ele é melhor ficar calado. Agora, ele quer a Internet de alta velocidade para todos do seu assentamento. Eu vou cuidar de atender logo, senão o “MEIA NOITE” aparece de novo. Ele já comprou o celular e está doido para entrar no facebook e no Zap. Só Jesus na causa.
Conta as más línguas, que ao se separar da esposa, ele teve que aprender a cozinhar, acender fogo com lenha, soprar brasas até subir a labareda. E certo dia, de tanto assoprar a boca do fogão e ter colocado uma gotas de querosene para facilitar a pegada, veio uma labareda tão forte que pegou fogo na barba e ele ficou com parte da face queimada e sem barba e a outra barbuda. A marca dele é barba grande. Ele resolveu raspar tudo e perdeu o encanto, o respeito e a graça.
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