O que é o governo?

O que é o governo?

No insconsciente, do povo brasileiro, talvez, nem seja inconsciente, seja consciente mesmo: – governo é um ente abstrato, sem dono, sem endereço, mais alma do que corpo concreto. É assim, que se pensa, do que venha a ser GOVERNO. Governo será gente, será um cofre encantado, Serra Pelada de ouro e esmeraldas?

Aqueles com mais força, os que chegarem primeiro, os mais espertos, sempre conseguem mais, neste garimpo que não tem encanto nenhum. Tem os que bamburram, tem os que penam, os que sorriem e os que pranteiam. Assim, é este país real. Que não tem mais moedas tilintando no final do saco. Mesmo assim, de saco vazio, que ainda se escarafuncha o fundo dele, rapando com as unhas e entrando em seara de superstições, de encantos, imaginários fundos, de réis e patacas. Maratona onde bem poucos chegam lá.

GOVERNO não é terra encantada. Nem filmes flutuantes, Stars Wars, Avatares. Mas, aquele homem com saco nas costas, passando de porta em porta, deixando para cada um, o seu pedaço a que tem direito, de pão e de esperança. Governo é guardador de contribuições alheias, provisoriamente, para fazer justiça depois. Não se pode dar muito para poucos. E não dar nada para muitos. E tem os poderes da República Federativa do Brasil, os entes, os guardiães do tesouro, nada de sangue azul, nada mais além do que guardiães dos interesses coletivos.

Nesta terra de Santa Cruz, não obedece o ritmo sereno do que se pode dizer civilizado, mas, guerra natural da selva, o forte vence o fraco. Por aqui, o princípio dos vasos comunicantes, não se realiza,  a água na mangueira, não fica no mesmo nível, porque as corporações atacam em grupo, tiros de todos os lados, e, termina que o poder legislativo, medroso e submisso, aprova a legalidade da coisa injusta. E finca no chão desta terra, Brasil, o marco da desigualdade e da injustiça, na distribuição das moedas.

Quem anda pelo Brasil profundo, da Amazônia, das comunidades ribeirinhas, extrativistas, pescadores, índios – eles estão por lá, sem esperar nada, um sorriso de sempre, o movimento de sempre, a conversa de sempre, a escassez de sempre. Não sabem que há poderes na República, não imaginam este outro mundo de vantagens e regalias, nem sabem o que venha ser privilégios, E vão vivendo assim mesmo, com a bendita graça dos mansos de espírito.

Como fui eleito Senador, gostaria muito que o Senado Federal desse exemplo. Cortasse pelo menos 30% de suas despesas. Porque eu só acredito no exemplo pessoal. Quando um poder demonstrar claramente, austeridade, redução de despesas, cortes de privilégios, a onda vai propagando lentamente, de um poder para outro poder. E quem sabe, aquele homem distante, ou aquele homem tão próximo, que encontro todos os dias, nas ruas, catando comida  nas caçambas de lixo, nem aqueles que se cobrem seus corpos de papelões e molambos, nas calçadas, até mesmo, nas entradas dos bancos onde se guarda o grande capital. Não adianta nada o novo Presidente enxugar a máquina, cortar e  unir ministérios, se os outros poderes nã0 fizerem a mesma coisa.

Eu acredito que o povo brasileiro, disse bem claramente, nas últimas eleições, que este modelo desenfreado de corrupção, gastança, falta de respeito, péssimos serviços – não serve mais. E mudou quase tudo. E os partidos políticos devem colocar suas barbas de molho. Deixar de lado suas péssimas práticas, maledicentes, distantes, indiferentes, um exercício vivo de tudo aquilo que não deve ser feito. Ou muda ou morre. E assim, deve ser com todos os poderes. Estamos muito longe de sermos um país rico e justo.