O que imaginava Marechal Deodoro quando assumiu a Presidência da República, há 130 anos?
E a sua equipe de governo, os liberais e conservadores, que foram se enfileirando, governo a governo, até chegar bem perto de sonhadores, utópicos, como Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e outros iluminados. Parei aqui. Sem saber se coloco um ponto de interrogação ou se deixo como um parágrafo simples.
E os escravos negros, abolidos do cativeiro, um ano antes da Proclamação, sem rumo, sem ter o que fazer, enchendo as cidades, os campos, por mais livres, em teoria, do que cidadãos plenos, como assim dizia o conceito de República. Interrogo ou deixo como está? Vou deixar assim mesmo, mais uma vez.
“Mas há uma herança ainda mais trágica: o descaso com os negros pode estar na base do descaso com a educação de massas e com os direitos da cidadania”(Zeina Latif – Estadão de 21.11.2019 – artigo Perdas). E a República continuou como um Império às avessas. Foi levando o Brasil em solavancos, puxado por carros de boi, tropas de burros, com uma federação de araque e com a mesma base do escravismo crônico.
Cristovam Buarque me falou, dias atrás, que muito teremos que fazer, de agora pra frente, tendo como referência a nossa Independência, 1822, que, daqui mais três anos, fará 200 anos. Muito bem, e continuando, mais 100 anos à frente, teremos que levar o Brasil a sério. Buscar os bons exemplos, mesmo que sejam pequenos, ir espichando as boas práticas, que são muitas, para, lá na frente, a gente, quando for 2122, poder ter evoluído. Evoluído tanto para tapar os buracos do passado e se chegar a uma condição de se bater no peito e comemorar por ser um país intermediário. Nem rico e nem pobre: um BRICS ainda. Isto tudo, se as próximas duas gerações fizerem tudo bem certinho.
Que Cristovam não seja, apenas, mais um sonhador e utópico.
Deixe seu comentário