De olho na cidade

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De olho na cidade

Como choveu esta noite, aqui em Porto Velho! Noite inteira.
Recebi vídeo de uma amiga,  que a água escorria como um riacho em sua sala e nem o rodo manobrado por todos de casa deu jeito. Porto Velho tem estas coisas. Bairros construídos em terras baixas e a terra embebe rápido, como esponja e daí a pouco, mina água. E sobre ela vem a água da rua, que se soma e desconforta as pessoas.

Agora, pela madrugada, está bem mais mansa. Um vento frio, joga aragem na cara da gente, a visão distante, que a cidade ainda dorme, piscam luzes embrigadas de gotas d’água. Por baixo de tudo isto, liguei o Youtube e estou ouvindo Clementina de Jesus. Mergulhei em duas vidas, a da liberdade e da escravidão. Como se diz – não vadeia Clementina, porque eu vou vadiar.

E os nossos pontos fracos?

Que são muitos e estão em todo lugar. Quanto mais se passa o tempo, mais vem na clareza dos dias os nossos pontos fracos, que se despertam com imensa força.

Eu conheci Clementina de Jesus, não pessoalmente, mas, a vi cantar, bem idosa, com um vozeirão grave e um samba que lhe saía da alma e da vida.

Os nossos pontos fracos – que ontem, ouvi Domenico De Masi dizer, o mais grave deles é a crise do conhecimento. O Brasil tem a sua mais profunda crise, que está na educação, depois vem as outras, corrupção e violência. 

E todas as pessoas, que não concordam com o Brasil descarrilado, ou tambor cheio de furos, e são muitos furos, escorrendo o nosso sangue por cada furo, e daí? O que nos cabe, é ir fechando cada um deles, um por um, um por um, um de cada vez, pelo menos ir tentando fechar os furos, um por um.  Para que o tambor chamado Brasil passe a ficar no nível de cheio e a gente volte a viver em paz.

Ainda chove lá fora. E Clementina não para de cantar, embora, esteja morta.

 

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