Ninguém pode iniciar um mandato de governo, como se tivesse descobrindo o Brasil de novo. Porque ruim como está o nosso país, pior ficará, se passar o rastelo em todas as iniciativas de programas criados pelos governos anteriores e em pessoas preparadas. Porque ninguém inventa nada, no ofício de governar.
O que você pensa hoje, achando que é uma espetacular iniciativa, se tiver tempo e for buscar bem longe, quem sabe, encontrará a mesma ideia. Na mitologia grega, na civilização egípcia, nos imperadores romanos, nos impérios inca e asteca, quem sabe? Ali você terá a resposta para a sua grandiosa e eloquente inovação.
Quase tudo que se fala hoje já foi pensado ou iniciado. Se não foi ainda, está guardado na natureza, a espera de ser estudado e desenvolvido. Porque tudo que é possível fazer está bailando no universo, basta um insight e um estudo profundo, além de pesquisa, para se tornar prático e evidente.
Equilíbrio das contas públicas, orçamento enxuto. Tudo isto, já bradado em belíssimos discursos e estudos de Cícero, Senador Romano.
Em termos de atraso e politicagem barata, o Brasil é mestre. Mesmo no tempo da ditadura militar brasileira, com todos os ventos favoráveis para se fazer tudo de bom: ausência de um Congresso ativo e de uma oposição ostensiva, e um povo calado. Não foi feito. O ajuste da Previdência e a desburocratização do Estado poderiam ter sido realizados naquele período. E pequenas correções poderiam ter sido feitas com o passar dos anos. Não. A tortura era o objetivo maior.
O Chile fez tudo de ruim como o Brasil fez. Com uma diferença – aproveitou sua ditadura para organizar o ensino, abrir o país ao comércio exterior e ajustou a previdência social – de solidária para a de capitalização. Reduziu impostos. Modernizou seus portos.
E por aqui também muita coisa boa foi feita por governos anteriores. Veja o tanto que JK pensou o Brasil, fazendo a migração do Brasil para o interior, apontando rumos da industrialização, da integração rodoviária, da siderurgia e do petróleo. Além da coragem de construir a nova capital federal – Brasília. No meio do nada.
Tem que ir lá atrás, buscar na memória do Estado estas iniciativas, para não perder tempo, querendo inventar a roda de novo, em tudo. É perda de tempo.
Cada Secretário de Estado ou Ministro, ao invés de ficar neste intento pequeno, de caça às bruxas, vá ler, nos finais de semana, todas as boas iniciativas de governos anteriores, e, aproveitar o bruto da ideia original e jogar para o contemporâneo, e, com certeza, ganhará bastante tempo.
Em Rondônia ninguém pensou tão grandioso e bonito como o nosso primeiro Governador eleito – Jerônimo Santana. Ele deixou quase tudo que se deseja fazer hoje. Ressuscite Lázaro, e já estará de bom tamanho. E tem mais, não se faz um bom técnico em meses. Um valoroso técnico em gestão pública demora, anos a fio, para ser formado. Seja ele concursado ou comissionado. Do zero é que ninguém inicia.
Nota: Chacrinha completa 100 anos do seu nascimento. Vida! Vida!