Dia dos namorados (poemas de amor)

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1. Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida

Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !

Não vejo nada assim enlouquecida …
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa …”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !

E, olhos postos em ti, digo de rastros :
“Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! …”

(Florbela Espanca

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2. Arte de amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

(Manuel Bandeira)

 

3. Ouvir Estrelas

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

(Olavo Bilac)

 

4. Soneto de amor

Amo-te tanto, meu amor… não cante

O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

(Vinícius de Moraes)

5. Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                           (Luís de Camões)

6. Delicadeza tem cheiro

(Ana Rosa Ernesto)

não gostas mais

dos meus erros

nem das minhas 

compotas de domingo

quando eu ficava velha

e usava um crochê 

 

não gostas mais dos

meus olhos que eu pintava

de azul porque eram breus

quando eu ficava criança

 

não gostas mais das minhas

saias, dos meus rins

das minhas costelas

quando eu ficava mulher

 

eu acho que ainda gostas

dos livros que eu li

enquanto gostavas tanto

 

tanto quando eu ficava 

em estado de flor.

 

7. Alice

poema escrito em 15 de agosto de 2007 para minha esposa Maria Alice

Confúcio Moura

 

 Nem sim e nem não

Não –  sem razão

Alice é sim

Parte, não quero

Nem fração

Alice inteira

Domingo, segunda-feira

Todos os dias

Alice jabuticaba

Leite de bacaba

Que me desperta e aflora

Não me acaba

Alice estrela

Silêncio distante

É nela que vou voar

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