Cemetron – é o nome do Centro de Medicina Tropical de Rondônia. O velho Cemetron de guerra. Eu poderia contar, aqui, pra vocês uma longa história. E até vou badalando nelas durante esta postagem.
Ele nasceu no Governo Jerônimo Santana, eu fui seu Secretário de Saúde, tive a honra e a glória de construí-lo e entregá-lo. Veio sucedendo o pobre coitado, outro, dito hospital de doenças tropicais, que ficava ali, no Bairro do Areal, fundos com o Cemitério Recanto da Paz, bem próximo do demolido Hotel Floresta, hoje, prédio do TRT. Nem mais sei a rua, nem o número, nem o local exato. Sofrível.
O Cemetron veio encorpado, tudo novo, recebi-o na chave, lustrado, brilhante, zero quilômetro. Desde panelas novas aos laboratórios, microscópios, camas e tudo do bom e do melhor.
Trouxe a USP (Universidade de São Paulo), não me lembro o nome de todos os professores, extraordinários infectologistas, pesquisadores e patologistas. Marcos Boulos era um deles. O pai do Dr. Marcelo, que hoje, segue a mesma trilha, em Monte Negro, pesquisando, que me perdoe agora, ter esquecido o nome, e, o maior de todos, Professor Hildebrando, que naquele momento, ainda trabalhava na França, no Instituto Pasteur.
Vejam vocês, hoje, a grandiosidade do Cemetron.
E ele veio se movendo no tempo, movendo no tempo, movendo no tempo. Mas, aquele sangue vermelho, quem sabe azul, dos seus oficiais de serviço, mesmo ainda tendo a lambança trazida do velho e carcomido, outro, Hospital Tropical, do Areal, veio se segurando os freios, pela boa genética, o nosso Cemetron.
Grande Cemetron.
E quis os céus, que agora, bem mais tarde, eu voltasse como Governador do Estado e desde cedo que dispus recursos para reformá-lo e depois do seus quase trinta anos, sem nada receber de melhorias. Mas, bem por isso, vocês poderiam pensar que o Cemetron, avariado pelo tempo, se tornasse um mau exemplo do serviço público de saúde. Pelo contrário – é um orgulho.
Fala-se mal de tudo, mas, do Cemetron, não.
Ele ganhou um respeito natural pela sua obra, pelo seu corpo de funcionários, pelos profissionais devotados e estudiosos. A raiz da reclamação não foi plantada ali. Felizmente.
E hoje, eu tenho vergonha é de mim mesmo.
De mim como Governador, que há três anos, com dinheiro em caixa, ainda não consegui fazer a grande reforma que o Cemetron tanto precisa. Ali quando o doente chega, não precisa de bilhete, de recomendação, de telefonema de ninguém para que seja bem atendido. É simplesmente, bem atendido.
O rigor contra a infecção hospitalar, mesmo com portas dos banheiros estragadas, a maca ainda rasgada, algumas cadeiras da sala de espera precisando de reparos, por tudo, por mais, não há justificativa, todos são atendidos bem.
Ninguém parou de atender porque a porta do banheiro está quebrada e nem porque o salário não é correspondente e nem porque o Cemetron não tem hoje, as melhores condições – atendem bem porque querem, porque aprenderam a atender bem e sentem-se compensados pela fama que construíram.
Velho Cemetron de guerra!
Espero, não lhe prometo de imediato, mas, terá o merecido apoio. Niemeyer deixou o seu pórtico como lembrança. Como legado. Breve se erguerá. Eu tenho honra de tê-lo construído, tenho vergonha de não tê-lo ainda melhorado.
Porque vocês são bem maiores do que o prédio. Mas, merecem o melhor.
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