As coisas e as ações tem seus próprios rumos. O homem pensa num alvo, mira nele e pode acertar em outro, como uma bala perdida. Por isto, ninguém pode dizer que o feito de hoje é certo ou errado. E nem se será bom ou ruim. Nem se grande ou pequeno. Nem se o feito será feito ou será outro. Como seu próprio filho – você o produz, mas, não sabe como será o produto acabado.
Foi assim com a introdução dos búfalos em Rondônia, na Fazenda Pau D’Olho, Vale do Guaporé. Rondônia era um Território Federal, floresta maciça, dentro do verde universo da Amazônia. Pouca gente perdida na floresta e era um pedaço do Brasil profundo, imaginário, fantástico, ou grotão desconhecido. Veio um dos seus governadores, cheio de boa vontade, ano de 1950 e trouxe da Ilha de Marajó (PA) trinta cabeças de gado dócil, para produzir leite. Veja que belo coração teve o ilustre governador. Não havia leite de gado por aqui.
Os ventos mudaram, outro governo, não ligou para os bichos, foram soltos na natureza, sem controle e foram se acomodando no Guaporé, atualmente, não se tem conta de quantos são. Uma coisa é certa, transformaram-se de dóceis a animais selvagens, donos dos seus destinos e da natureza. E o que era para ser bom se transformou num drama ambiental seríssimo e num perigo imenso, de pôr água abaixo derrubar a sanidade animal do Estado que está livre de aftosa por vacinação desde 2002.
Eles derrubam árvores. Esfregam-se nas palmeiras até derrubá-las. Eles revolvem a terra. Constroem valas imensas pelo pisoteio. Raleiam a floresta. Alteraram fluxos de igarapés. Mudaram destinos de águas da chuva. E avançam rumos a outras reservas e até mesmo fazendas de gado nas imediações do municípios de São Francisco do Guaporé. Os búfalos de soluções passaram a problemas. Um deles ambiental. O outro de possível descontrole da saúde animal do Estado. Surgem agora milhares de sugestões e idéias. Desde o abate deles para o despropositada caça esportiva em nossas florestas, o sáfari. A proposta é o manejo deles, atraído em currais móveis e pontos de oferta de sal mineral. A captura e abate controlado e aproveitamento da carne. Associado a castração progressiva. Os búfalos selvagens de Rondônia evoluíram além do pensamento do seu criador. Hoje, um drama ambiental no Vale do Guaporé. Há projeto de lei na Assembléia Legislativa visando a estabelecer marcos regulatórios para este controle.
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