10 de agosto de 2006
I
Fui ao Juarez em busca de solução
Preferiria mil vezes o sim
Da janela o descortino – eu me acalmei
Porque vi a curva do Rio Madeira
II
Não vi o peixe
Nem os seus saltos acrobáticos
A água estava barrenta
E o céu em nevoeiro
III
O meu olhar ainda pegajoso
Embotou a floresta
Até o sol se enfraqueceu
IV
Daquela janela eu senti descanso
A curva do Rio Madeira, a cumeeira das casas
E o dedo de terra e árvores entrando nas águas
As Três Marias (caixas d’águas) em série na praça vazia
V
As águas do Rio estão paradas
São espelhos para o sol
Espelhos de silêncios
VI
O Rio está solteiro
As Três Marias também estão
Elas vigiam a cidade
VII
Eu me abandono de mim
Porque o meu olhar me esquece
Estou partido pelo sol
As árvores de longe não são árvores
E sim uma mancha verde e cinza
Sem soberania.
Obs.; este poema foi extraído e rabiscado numa audiência na Caixa Econômica Federal em Porto Velho – com o Superintendente Juarez. Do seu Gabinete vê-se uma bela paisagem da Praça das Caixas D’Águas, o Bairro Caiari, as cumeeiras das casas, os quintais com grandes árvores frutíferas e a curva do Rio Madeira. Ao fundo casinhas de seringueiros e de chacareiros que se somem na floresta. Enquanto o Juarez saiu da sala para pegar documentos eu rabisquei o poema.
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