Tem muitas formas de se ter prejuízo sem se perceber. Eu me lembro bem da vinha avó Joaquininha, que foi ‘ingolida’ pela inflação, quando esta palavra não era conhecida do nosso vocabulário. Vinha correndo os anos 50 e 60 e ela tinha o seu patrimônio de cabeças de gado, éguas soltas nos ermos gerais, estoques de sal, rolos de arame farpado, rapadura, farinha de mandioca. Ela continuava vendendo no seu pequeno armazém tudo sem reajuste do preço. Vendendo fiado seu estoque, a sumir de vistas sem nenhum juro, quando pensou que não, o seu pequeno patrimônio tinha ido embora e ela não percebeu nada. A inflação comeu.
Mas ontem, dia 17 de novembro, o assunto foi outro. Em Rolim de Moura, na parte da manhã, numa roda de conversa com Albertina Marangoni, zootecnista Anderson Kuhl, a professora universitária Evelin Andrade e mais outros companheiros de governo, demos ouvido aos três para conhecer outra forma de ter prejuízo sem tomar conhecimento real. Mas, o prejuízo vem e mesmo assim a vida continua como se nada tivesse acontecendo.
Pois se trata de várias doenças reprodutivas nas vacas leiteiras. Três doenças estudadas, por iniciativa da professora Evelin e colaboração dos outros dois parceiros da Emater, por conta e risco deles mesmos: leptospirose, rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) e a diarréia viral bovina (BVD). Três doenças que foram estudadas em vacas leiteiras na região da Zona da Mata de Rondônia, que são responsáveis por mortes de bezerros (reabsorção fetal, abortos e prematuridade) e que praticamente passam desapercebidas pelos sintomas brandos nas vacas. Mas, o estrago no nascimento de bezerros pode chegar a 50% das gestações.
Como bem diz o Evandro Padovani, o bezerro no gado leiteiro, representa o décimo terceiro e décimo quarto salários do produtor. Se o bezerro morre o prejuízo financeiro é enorme. E provoca um estrago incrível na economia do Estado.
O mais interessante de tudo, estas doenças podem ser evitadas por vacinação.
A conversa fluiu por mais de três horas, depois que se incorporou ao grupo técnicos da Agência de Defesa Agrosilvopastoril de Rondônia (Idaron), Anselmo, Carol, Avenilson e Rodrigo, além de Elder da Fundação de Pesquisa de Rondônia (Fapero). E tudo se encaixou maravilhosamente bem, despertando em nós todos, a importância do investimento em pesquisa científica em assuntos que interessem à economia do estado de Rondônia. E o leite é importante na economia do nosso Estado. Com doenças que podem ser evitadas por vacinação e nós não sabíamos, para que pudéssemos orientar os produtores. Uma falta muito grave.
E assim, depois de tudo falado e debatido, com previsão legal, os fundos de investimentos do Estado, de agora em diante, repassarão recursos importantes, sob a forma de editais para que pesquisadores do Estado possam desenvolver seus estudos sobre os assuntos do nosso interesse. E doenças como estas citadas não sejam mais causadoras de rombo econômico impressionante para produtores, para a indústria e para o próprio Estado.
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