Ver as imagens de dragas no Rio Madeira me permite uma viagem no tempo. No tempo de hoje e no tempo já vivido, que é o mesmo, a magia do ouro. Dos Bandeirantes ao tempo presente, mudara -se as formas, as complexidades, mas, as expectativas são as mesmas. O ouro. Ouro para jóias, coroas, catedrais, o fausto ouro como investimento, ouro dos sonhos de riqueza. Deixemos de lado os seus encantos, para mergulhar em nossa realidade presente: – a exploração do ouro, como noutras décadas, aqui, bem perto, Rio Madeira. Quase nada evoluiu no tempo. A forma da exploração com dragas. Um degrau acima dos mergulhos fundos, sem proteções, onde o fundo do rio se fez de cemitério. As dragas, muitas, chupando areia, barranco e a lavagem.
As leis ambientais evoluíram, o mundo aos poucos entende a necessidade da proteção dos rios, ar e florestas. O Governador Piana, há 25 anos, com dois decretos fechou a garimpagem no Rio Madeira, coragem, determinação e duro enfrentamento. Mas, conseguiu. Meses atrás a corda frouxou para liberar de novo a garimpagem no Madeira. Foi um ciclone que passou, a imprensa e órgãos de controle do meio ambiente regiram duramente, o vento passou. Ainda bem. Prevaleceu o bom senso.
A atração pelo ouro foi sempre uma sedução dos colonizadores e da nossa própria história. Para mim também os minerais são importantes para a geração de emprego e renda. O que muda é a forma de exploração deles. A forma organizada e empresarial ou a informalidade sem controles.
As cidades que nascem às beiras de garimpos do “bamburro” tem vidas curtas, quando não desaparecem. Porque o dinheiro é bom, mas, não se pode matar pelas suas consequências. Conheço a garimpagem dos dois jeitos, aqui mesmo, no Rio Madeira nos anos 80 e 90, muito ouro extraído, mortes, danos ambientais, quase nada de bom e pratico em investimentos a Porto Velho. O ouro foi-se embora e os problemas ficaram.
Defendo a mineração organizada, que se pode controlar e fiscalizar todo processo produtivo, as formas do trabalho, os benefícios da renda e a prevenção de danos ambientais. Além dos critérios de licenciamento ambiental, onde cada draga, seria um ativo empresarial, e que fiscalizada e autorizada como um táxi que trafega ou um avião que voa ou pousa.
Mais difícil e complexo foi a demanda em Roraima de garimpeiros na Reserva dos índios Ianomâmis e também recentemente em Mato Grosso. A garimpagem predatória cria cidades fantasmas.
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