Eu já conhecida Brasília da infância e adolescência. Morei lá na Vila Planalto, no acampamento da Construtura Rabelo. Não existe mais. Porque meu pai foi candango da construção dela. E lá na frente voltei como Deputado Federal, sem nunca antes ter sido nada na política, assim, como um peixe tirado d´água. A minha experiencia anterior de política foi dos livros, do “puxasaquismos” de gente de interior e de duas derrotas para prefeito de Ariquemes. Que dou gloria a Deus por ter perdido, que seria horror, ter sido prefeito nos anos 80 ou inicio dos anos 90. Bem calejado na arte de perder. E mestre em puxar-sacos.
Naquele tempo eu ainda tinha alguma nesga de ideologia, agarrada nos ideais do MDB de liberdade, de nova Constituição, de eleições livres e de abertura comercial. Mas, estudante secundarista, para se dizer ainda jovem, tinha que ser mesmo era socialista, falar de Cuba, de Che Guevara, de União Soviética e Pacto de Varsóvia, da Dívida Externa, de Soberania da Petrobrás. Estas coisas todas de ilusões, que o tempo mostrou que não deu em nada.
Gracias à natureza e ao tempo, saiu tudo isto da minha cabeça. Xô ideologias filosóficas de juventude e de tempo de faculdade. Xô.
E caí na real. Eleito Deputado fui praticar a minha ideologia para as comunidades isoladas de Rondônia, onde ninguém ia, não tinha escola, não tinha luz, não tinha visita, não tinha TV e raros rádios. Identifiquei 17 comunidades isoladas que viviam na Idade Média. E foi pra eles que dediquei os meus mandatos de Deputado. E esta gente ficou agarrada comigo. Eu virei irmão deles. E até hoje, já velhos e outros mortos, muitos, seus descendentes são meus amigos do coração. Mas, amigos porque são amigos mesmos. De dormir na casa deles. De avisar quando vou por lá e comer frango caipira e peixe pescado na hora. De comer bolo, pão caseiro. Estas coisas todas. E foi deste povo que se irradiou para o Estado o meu nome. Meu nome, como político saiu destas trevas humanas, destes cantos das grotas, daqueles que não tinham voz. E ao mesmo tempo tinham voz. Eles foram esparramando o nome e aí outros grupos foram me chamando para as visitações e chegou ao ponto que não dei mais conta de cuidar de todos.
Eu optei por ser deputado do baixo clero com orgulho. Fui um baixo clero de verdade. E os meus discursos em Brasilia falavam de escola pra eles. De redes de luz. De estradas para quem não tinha. E mandava abraços e muitos beijos. E falava dos santos de suas devoções. E beijos para os aniversariantes dos fundões do Norte. Eu tenho muito orgulho de tudo isto. Não quero mais ser nada disto. Porque não daria conta de fazer o mesmo que fiz no passado. Por isto não me animo mais ser parlamentar. Embora, para mim foi extremamente glorioso.
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