Ano passado estava em São Paulo, Iacira e eu. Precisamos de um táxi, para ir ali ao centro da cidade e saímos cedo para a audiência que tinha hora marcada. Pedi o táxi. Demorou um pouco, mas, chegou. O problema é que havia dois outros passageiros esperando também. E quando chegou, ela e eu entramos logo no carro. Ele viu que nós dois não tínhamos malas. E outros tinham malas grandes. Motorista saiu do carro, e passou a discutir com o moço do hotel, dando-lhe bronca, porque não organizou a ordem certa das chamadas e nem regulou a entrada dos passageiros.
Taxista não é besta, ficou olhando, pensou um pouco antes de sair e perguntou: – vocês vão para o aeroporto? E nós respondemos que não, que seria bem ali, na Faria Lima. Ele começou a reclamar, porque queria a corrida para o aeroporto, que de certo, tem tabela cheia e é bem mais compensadora. E ele ficou parado, sem arrancar, ruminando dúvidas. Como tinha hora certo para o compromisso, indaguei se ele ia ou não ia? Ele sem travas, foi logo falando: – vocês podem descer.
As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro estavam em pé de guerra na briga entre taxistas e o aplicativo UBER. Eles queriam morrer, mas, nem pensar, em aceitar o bendito aplicativo UBER, que tinham carros pretos, com certo requinte, alguns com banco de couro, motoristas de paletó e gravata, água gelada para o passageiro, corrida mais barata, carro cheiroso, motorista solenemente abre a porta do carro para o passageiro entrar. Estas coisas todas de inovações e de tecnologia bem moderna.
O motorista do táxi nos mandou descer. Coisa que nunca me aconteceu na vida. Mas, aconteceu. Me veio aquele ódio repentino, o que não me é comum e eu disparei um ataque verbal contra o pobre motorista do táxis, falei uns desaforos bem chulos, pelo menos para me desabafar. E por fim, joguei uma praga nele: – Vocês vão ainda se lascar aqui em São Paulo, vou torcer para o aplicativo UBER ganhar a luta e aí vocês, dinossauros, vão sobreviver com migalhas.
A gente não pode brincar com as palavras. E lá vem o tempo rolando, como se diz, ele não para. Até que semana passada, o Prefeito Fernando Haddad assinou o decreto definitivo: – legalizou o UBER. Os taxistas viraram bicho, tacaram fogo em pneus, fecharam avenidas movimentadíssimas, quase pararam São Paulo.
Mas, o UBER está liberado.
Não sei lhes dizer, até quando o meu grito, naquele bendito dia, teve importância, mas, que eu joguei um flecha no universo, isto atirei mesmo. E a agora é conviver os dois, um de cara feia para o outro, mas, creio que nenhum taxista, de agora em diante, irá mandar um passageiro sair do carro por causa da corrida mais curta.
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