Vida agitada, ano a ano sem descanso, chegou o momento para sair um pouco, fugir da rotina, caçar paisagens novas, conversas novas, fazer uma faxina na cabeça. O dilema onde encontrar este paraíso?
Pensei em pescaria no Guaporé, uma praia de litoral, Pousada do Rio Quente, um hotel de floresta e lugares assim deslumbrantes. Ou até visitar a cidade natal, ver parentes e me encontrar com a infância inesquecível.
Por fim, decidi e decidir é a tarefa humana difícil. São Paulo, a cidade onde tudo acontece. Contrariando até a nós mesmos, São Paulo e na Avenida Paulista. Eu queria experimentar o relaxamento no burburinho humano, no torpor de uma cidade grande, com apitos, barulho, o frenesi das ruas, nas travessias dos túneis, no colorido e ativo comercio do Mercado Municipal.
Vi o espetáculo humano de conflitos e a dura marcha onde se move a democracia. Cinco manifestações de grupos em defesa do passe-livre, uma de aposentados, bombas de gás, spray de pimenta, balas de borracha e cassetetes; a segunda de trabalhadores da saúde e ultimo foi de adeptos da umbanda.
A Paulista fervilha, músicos de rua, mágicos, cantores, vendedores de Bíblias, mendigos, dependentes químicos dormindo nas calçadas em plena luz do dia e o invisível mundo dos negócios.
Para quem desejaria a calmaria, mergulhei consciente num oceano de tormentos, aqui foi como se quisesse curar uma gripe com veneno de cobra. Por falar em gripe, vacinado como sou contraí uma delas, vinda deste ar com as magoas do mundo, febre e prostração.
Deu para ver de perto, o que venha ser de verdade, a livre manifestação das pessoas, seus anseios, protestos pacíficos e violentos, tudo para dizer no meio da rua que a vida não anda tão boa como se imagina. E quem sabe, a soma de todas estas insatisfações reprimidas e caladas, não querem expressar, o que o mundo inteiro sente hoje em dia.
Que o modelo de enquadramento do homem no planeta não está sintonizado com a felicidade das pessoas. O homem tem o forte desejo de ser ouvido, de expressar o que sente e se nada acontece, usa do seu poderoso instrumento de se indignar de vez em quando.
Afora isto bem que foi um passeio desestressante e pude perceber que vivo num paraíso de paisagens fantásticas. Eu me vacinei contra a agonia. E creio que num salto, passo a ser um monge tibetano.
Se perguntasse a qualquer brasileiro, paulista consciente, normal, onde gostaria de passar alguns de dias de férias, diria tudo, menos desfrutar desta selva de pedra.
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